23 Abril 2024, Terça-feira
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Acusado de trancar ex-namorada numa garagem em Paio Pires desmente sequestro e agressões

Na primeira sessão do julgamento, que decorreu no Tribunal de Almada, o arguido Bruno Segurado alegou que “não tinha qualquer relação com a vítima”

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O homem acusado de ter ido buscar a ex-namorada a Barcelona e de a ter trancado numa garagem em Paio Pires, no concelho do Seixal, negou na segunda-feira em tribunal ter praticado os crimes.

Ao tribunal, o homem negou também as agressões e a relação amorosa com a vítima, apesar de a mesma ter relatado vários episódios de maus-tratos.

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Na primeira sessão do julgamento, que decorreu no Tribunal de Almada, o arguido Bruno Segurado alegou que “não tinha qualquer relação com a vítima” e que não praticou “qualquer crime de sequestro”.

O crime remonta a 21 de Agosto de 2019, quando Margarida Simões, de 24 anos, conseguiu escapar da garagem para onde terá sido levada pelo arguido, depois deste alegadamente a ter ido buscar a Barcelona, cidade para onde tinha ido há um mês devido às “agressões, ameaças e humilhações que vinha sofrendo”, segundo a acusação do Ministério Público (MP).

No entanto, o homem de 30 anos afirmou que foi Margarida Simões que lhe pediu para a levar para a garagem, que estava em seu nome, porque “não tinha onde ficar e queria estar sozinha”.

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Este suposto pedido aconteceu depois de Bruno Segurado ter agredido a mulher numa lavagem-rápida de carros no Seixal, a única agressão que admitiu e que foi gravada através de imagens de videovigilância.

“Ela começou a injuriar-me e ofendeu a minha mãe que tinha morrido há pouco tempo. Agarrou-me, deu-me pontapés e fez-me arranhões. Aí, infelizmente, tive uma atitude. Desferi-lhes pontapés e ela caiu. Depois de ter caído dei-lhe um pontapé na parte lombar. Foi uma atitude infeliz da minha parte”, mencionou.

Contudo, segundo o MP, os episódios de agressões físicas já aconteciam desde Maio de 2017, quando iniciaram a “relação amorosa”.

Margarida Simões, que testemunhou através de videochamada, emocionando-se ao relatar as várias agressões físicas e psicológicas feitas pelo ex-companheiro, que tinha outra mulher e um filho com quem vivia, no Seixal.

“No início da relação não era diário, mas depois começou a fazer parte da rotina. A primeira agressão física foi em Maio ou Junho de 2017. Eu vivia sozinha em Almada e, como não ouvi o telemóvel, ele entrou dentro de casa e apertou-me o pescoço, disse que tinha de atender e que se fizesse isso mais alguma vez me matava”, mencionou.

Segundo a juíza, em 25 de Julho de 2019, depois de uma discussão com Bruno Segurado, a mulher deu entrada no Hospital Garcia de Orta, em Almada, com “equimoses, hematomas em quase todo o corpo, dificuldade de mobilização e escoriações”.

Foi isso que levou Margarida Simões a “fugir” para casa dos tios, em Barcelona, apesar de o arguido afirmar que só a foi buscar porque ela queria voltar para Portugal.

A vítima esclareceu que apenas o contactou a partir de Espanha porque soube que andava à sua procura e “tinha receio de que pudesse fazer alguma coisa à família”.

No entanto, como ele lhe “pediu desculpa” e disse que “não conseguia viver sem ela”, acabou por lhe dar a sua localização para se encontrarem.

“Ele chegou ao ponto de encontro e eu estava a uns metros, não estava exactamente no ponto de encontro e ele alterou-se por isso. Empurrou-me e começou a insultar-me. Eu só lhe pedia para ter calma”, relatou.

Já em Portugal, passaram pela casa do acusado, foram a Lisboa comprar haxixe e continuaram as discussões que culminaram na agressão na lavagem-rápida, a única assumida pelo arguido.

“Ele começou a exaltar-se e disse que eu tinha arruinado a vida dele, que tinha perdido tudo e inclusive o filho, que eu não valia o esforço que ele fez e que devia atirar-me de uma ponte. Aí também me exaltei e comecei a pontapear o carro e cravei-lhe as unhas nos braços. Foi aí que ele me deu um pontapé nas costelas e agrediu-me”, referiu.

De seguida, o arguido levou a mulher para a garagem, mas devido às elevadas dores acabou por ter que a levar ao hospital.

O caso foi denunciado, mas quando a vítima teve alta hospitalar o agressor já se encontrava à sua espera e acabou por ir com ele porque “não sabia se podia fazer alguma coisa”, ficando novamente presa na garagem.

“Ele dizia que eu tinha que acabar com ele porque era propriedade dele. Disse que eu merecia tudo o que tinha feito, que eu não valia nada, que mais valia a pena morrer, que preferia matar-me a ver-me seguir a minha vida. Como eu comecei a chorar, ele começou a agredir-me, deu-me pontapés, deu-me com a cabeça no portão e mandou-me calar”, mencionou.

Todas estas circunstâncias foram sempre negadas pelo arguido, que referiu que apenas a deixou na garagem porque Margarida Simão não sabia para onde ir, porque tinha “problemas familiares” com a avó e com a mãe.

Margarida Simão acabou por conseguir escapar porque o acusado “esqueceu-se do casaco com as chaves”, tendo fugido para a casa da mãe, que “chamou a polícia e uma ambulância”

A vítima deu entrada no Serviço de Urgência do HGO, em Almada, às 18h38 de 21 de Agosto de 2019.

O arguido encontra-se em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional do Montijo.

O advogado da ofendida, Hélder Cristóvão, apresentou um pedido de indemnização cível de 30.000 euros.

O julgamento continua em 13 de Maio, pelas 14h00.

 

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