Ainda hoje Fátima Dâmaso aguarda que os maus-tratos animais levados a Assembleia Municipal em Junho sejam investigados
Fátima Dâmaso, deputada na Assembleia Municipal da Moita anuncia que deixa de representar o PAN no exercício das suas funções, passando a integrar este órgão como independente.
A decisão da deputada surge no seguimento daquilo que considera ter sido “a falta de apoio sentida dentro do partido, aquando da situação que envolveu uma exposição sobre maus-tratos animais no concelho da Moita, cometidos pela comunidade cigana ali residente”.
Em comunicado oficial a deputada declara, “a todos aqueles que em 2017 me confiaram o cargo que tenho vindo a desempenhar na Assembleia Municipal da Moita, a todos os que me defenderam e compreenderam, venho por este meio comunicar que, analisando e ponderando sobre o acontecido e achando que não fui tratada com a justiça necessária pelo PAN, partido ao qual pertencia, resolvi desfiliar-me do mesmo e continuar como independente até ao final do mandato, cumprindo assim a missão que me foi generosamente concedida”.
A O SETUBALENSE, Fátima Dâmaso afirma-se “desiludida com a falta de apoio” e acusa que, “ao longo dos últimos anos o PAN prece ter mudado a sua denominação. Agora dedica-se a defender minorias”.
Quanto à sua decisão, “foi tomada em definitivo agora porque após as eleições [Legislativas] ia ser convidada a sair”.
Em contacto com o PAN, no sentido de obter declarações sobre o cessar de funções de Fátima Dâmaso, o partido assumiu a O SETUBALENSE que, “não tem nada a declarar”.
Palavras erradas no lugar que seria certo
Na origem deste desfecho está a proposta da deputada municipal sobre maus-tratos a animais na Moita, apresentada a 24 de Junho na Assembleia Municipal da Moita.
Fátima Dâmaso queria alertar para a “indignidade” com que alguns cavalos eram tratados, estando aos cuidados da comunidade cigana, no entanto, no seu discurso começou mal.
“Aqui na Moita verifica-se que existe uma etnia que se multiplicou e que todos os dias se passeiam pela Moita e arredores, empilhados em cima de carroças, puxadas por um único cavalo subnutrido, espancado, a desfazer-se em diarreias por não ser abeberado e alimentado sequer e que por vezes caem na via pública, não suportando mais…”.
Perante estes termos Fátima Dâmaso foi levada a retirar a recomendação. O lugar era certo, mas as palavras foram “erradas”.
“No próprio momento em que pronunciei a minha recomendação tive a noção que estas não eram melhores palavras. E quando tudo se tornou público pedi desculpa à comunidade cigana. Para além do meu erro, que assumo, o que me dói é que a situação dos animais deveria ter sido averiguada e até agora parece que nada foi feito, pelos animais ou para dar mais condições a quem cuida deles. Afinal estamos a falar de cuidados dispendiosos”.
Fátima Dâmaso vai ainda mais longe e classifica, “ser criticada pela minha intervenção e ver que depois, ao longo destes meses nada foi feito por estes animais é como assistir a uma violação, classificar o acto e depois ainda ser processada pelo violador por ofensas, passando o acusado a vítima”.