27 Abril 2024, Sábado
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PEDRO PINELA: “Quase desde o início que a polícia não tinha suspeitas a meu respeito”

Jovem do Pinhal Novo está a dar a volta ao mundo e já tinha abordado as circunstâncias do caso vivido na Índia. Agora revela, em discurso directo, como viveu durante um mês com os bens confiscados

Quando me encontraram em Anjuna, Goa, deram-se de caras com um viajante surpreso e assustado. Respondi-lhes a todos as perguntas, sem contradições e eles relaxaram. Quatro polícias num jipe aceleravam, num apito incessante, com um português ao centro, a dormir nos seus ombros. Luz azul ligada no tejadilho. 900 quilómetros de caminho. Chegamos ao segundo dia, parando em dois hotéis.

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Aliás, sou interrogado por três agências policiais diferentes – polícia do estado, polícia de inteligência e uma polícia própria para os estrangeiros – simpatizámos todos; não tinham qualquer queixa.

O caso manteve-se em tribunal porque as autoridades religiosas queriam ter a mais absoluta certeza. Estavam cépticas, as autoridades religiosas. O governo suporta-as e elas encarregam-se de proteger a instituição que institui a fé hindu.

Passei em Kerala um mês com grande parte dos meus pertences confiscados. Pedi dinheiro emprestado a amigos que fiz na polícia, porque não tinha cartões; não me podia afastar muito, porque não tinha passaporte; ia ao InternetCafe, todos os dias, porque não tinha computador, nem fotografias próprias para me acompanharem a escrita.

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Um mês, assim. E omiti os cinco dias na cadeia propriamente dita.

Invasão de propriedade

Não deixarei de dizer, no entanto, as razões para todo este tempo. É que nada desapareceu nem ficou estragado depois da minha presença no templo onde queria dormir. Havia, sim, dois sistemas avariados! O sistema de vigilância do templo e o sistema judicial do Estado de Kerala, senão da Índia inteira. Há muita gente que só não está livre pela lentidão dos tribunais ou pela severidade da lei.

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Dou entrada na Índia no dia 11 de Março. A 21 sou apanhado. Dia 25 de Abril, sou liberto – o processo está terminado. Declaro-me culpado de invasão de propriedade privada ou do Estado? Pago uma multa de 1000 rupias (14 euros) e devolvem-me o que é meu.

Numa caixa à parte: Kerala é um distrito do sudoeste da Índia. Quando dizem que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, Vasco da Gama descobriu Kerala, mais especificamente. Aí existiram as primeiras colónias que só depois se estenderam a Goa e Diu, para norte, na mesma costa.

Daí, o meu 25 de Abril, nesta Índia portuguesa, não teve certamente nada que ver com o significado que lhe atribuímos em Portugal. É só que senti que me devolviam a liberdade, depois de ma tirarem. O que se sentia numa nação há 43 anos.

Pedro Pinela

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