28 Março 2024, Quinta-feira
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Comerciantes querem Mercado 2 de Abril com mais vida

Clientes e vendedores gostam do espaço mas acham que poderia ter mais movimento.Propõem a realização de eventos para dinamizar e chamar mais pessoas ao mercado

 

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De portas abertas entre terça-feira e domingo, das 07h30 às 14h00, o Mercado 2 de Abril, na Freguesia de S. Sebastião, em Setúbal, completa este ano uma década de existência. Inaugurado a 6 de Outubro de 2009, este espaço veio complementar a oferta comercial de produtos alimentares e não alimentares da cidade.

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Entre o peixe fresco, o talho, as frutas e os produtos hortícolas, pão, bolos, charcutaria, é no Mercado 2 de Abril que muitos moradores dos bairros adjacentes e de outras partes da cidade fazem as suas compras.

Para além disso, a florista, a loja de animais, restauração e bebidas, um pronto a vestir, a mercearia, a costureira e também a venda de artesanato são serviços complementares que se podem encontrar na Rua Mário Sacramento.

 

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“Vivo em Setúbal, fazia o Mercado da Camarinha e de lá vim para aqui. Tive inicialmente um pouco de receio mas está a correr bem. O dia a dia é sempre calmo, nada de conflitos, e entre os produtos de charcutaria, os queijos, de Azeitão e do Alentejo, os enchidos e alguns doces, cá vou estando”, começa por dizer Maria Helena, uma das comerciantes que se encontra no mercado desde o seu início, a O SETUBALENSE, salientando que, apesar de ter produtos da região é sobre os do Alentejo que recaem as atenções dos clientes que na azáfama do quotidiano e a escolher os produtos que desejam levar preenchem o espaço de Maria Helena. “Estou cá desde que o mercado se mudou para aqui e a experiência ao longo destes anos está a ser muito boa. Gosto de cá estar”, acrescenta.

 

O espaço comercial, que substitui os mercados Humberto Delgado e 2 de Abril do Levante, acolhe em si, para além de Maria Helena, vários vendedores vindos destes dois antigos equipamentos da cidade.

Graça Baracinha é outro destes exemplos. Vendedora de frutas e produtos hortícolas há quase quarenta anos, foi das primeiras a chegar ao Mercado 2 de Abril e considera que nos dias de hoje “as vendas estão fracas e a freguesia é pouca”. Enquanto Margarida faz as suas compras no sítio do costume, onde vai desde que se lembra, Maria Lucinda, por sua vez, está a amanhar o peixe para vários fregueses que escolhem a sua banca para fazer as compras para o almoço, ofício a que se dedica e conhece bem há mais de trinta anos.

Confessa que “actualmente o negócio está muito fraco, o nível de vendas baixou e cada vez há menos dinheiro e menos clientela. Faz falta as pessoas virem cá” e revela: “faço por trazer boa qualidade mas é o carapau o rei das preferências dos nossos clientes aqui, também pela sua relação qualidade/preço”.

A Associação de Acordeonistas de Portugal, fundada em 1994, por exemplo, tem a sua sede a funcionar em instalações do Mercado 2 de Abril, local que lhe conferiu melhores condições para o desenvolvimento regular das actividades.

Os comerciantes consideram que é necessário atrair mais pessoas a dinamizar as respectivas bancas e espaços disponíveis mas que este é um processo difícil.

“Antes da venda, andava no mar. Depois vim para aqui, ainda no tempo em que se vendia na rua e gosto muito de aqui estar. Moro aqui perto. O ambiente é muito bom, mas falta desenvolver iniciativas para dinamizar e aproveitar o espaço que temos livre”, refere José, comerciante no Mercado 2 de Abril, sugerindo: “ao fim de semana, por exemplo, podíamos ter aqui actividades para os mais velhos”.

Para além da festa da Junta de Freguesia de São Sebastião, que se faz “na altura do aniversário”, “é precisa vida neste espaço e é também preciso que a Câmara não se esqueça de nós porque isto aqui também é cidade”, considera José, que tem a sua banca de peixe no piso inferior. Mas é no piso superior que se encontram as suas preocupações. “Na parte de cima, temos cafés, a sala de coleccionismo, uma sala de contabilidade e a sala da autarquia ocupadas, há vários espaços que estão de momento desocupados e isto qualquer dia é um deserto”, adianta. O cabeleireiro fechou há cerca de uma semana, à semelhança de outros sectores de actividade que entretanto foram abandonando o local.

 

Maria Antónia, conhecida por Dona Antónia no Mercado 2 de Abril, veio da Camarinha e diz estar a enfrentar um período difícil no seu negócio das flores. “No espaço de menos de um ano sente-se a diferença. Há muito menos pessoas a vir ao mercado. Há muitas lojas fechadas. As pessoas vêm, reparam que está tudo fechado e voltam para trás”, conta.

“Isto é fruto de uma má organização. As lojas estão fechadas, vêm novas pessoas que se interessam, vão saber as condições e dada a complexidade do processo acabam por não avançar. Tudo isto faz com que as coisas vão piorando”, acrescenta. Maria Antónia tem clientes fixos mas precisa também daqueles que chegam no dia a dia e, segundo a florista, estes tardam a chegar.

 

Das flores para o pão, Maria da Conceição Barão faz as suas compras no 2 de Abril porque mora perto e segundo ela “não tenho outro sítio onde ir, gosto de vir aqui”. Encontrou neste espaço, mais do que um sítio para fazer compras, um lugar de convívio no qual estreitou laços de amizade com os restantes clientes e também com os comerciantes. Há anos que Maria compra pão no sítio da Setpão e, amiga de Cláudia, vendedora de pão, não conhece melhor lugar para tal: “Trabalho aqui há mais de três anos e o negócio tem evoluído. Entre pão, croissants e bolos secos, até à data não sentimos a crise.

“O pão é sempre diferente, as pessoas precisam de comer pão e vive-se um bom ambiente entre comerciantes e clientes. Criamos amizades aqui, é tudo gente boa quem cá está”, considera, adiantando que o “sábado é o dia que mexe mais”. Também Cláudia refere que há muita loja fechada, aponta a existência de um Multibanco como uma das coisas de que as pessoas sentem realmente falta no mercado e deixa o alerta: “considero que se esqueceram um pouco deste mercado e faz falta mais vida aqui. Deviam abrir mais lojas mas para isso também eram necessárias mais facilidades para que as pessoas se estabeleçam aqui, o que não tem acontecido”.

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