29 Março 2024, Sexta-feira
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António Costa ‘navega’ até Setúbal

Com um passe de 40 euros, António Costa andou de autocarro, metro e comboio. Chegou a Setúbal onde afirmou que só pelo empenho dos autarcas e Governo foi possível chegar a um desejo de há muitos anos; um passe único nas áreas metropolitanas

 

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António Costa dedicou a manhã de ontem a viajar de transportes públicos. Entrou num autocarro às 07h30 na Ericeira (Mafra), foi no metropolitano de Lisboa do Campo Grande até Entrecampos, onde apanhou o comboio da Fertagus às 9h45, e chegou a Setúbal às 10h41. Tudo isto com um só passe; o Navegante.

“Esta medida é uma verdadeira revolução nos transportes públicos”, afirma o primeiro-ministro no salão da Câmara de Setúbal depois de ter percorrido a pé o caminho desde a estação da Praça do Brasil e os paços do concelho, com passagem pelo Parque do Bonfim, acompanhado pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e vários autarcas da Área Metropolitana de Lisboa (AML).

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No comboio, entre outros autarcas e membros do governo, viajou com a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros (PS), o presidente da Câmara de Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa, Fernando Medina (PS), e o primeiro-secretário da Comissão Executiva Metropolitana de Lisboa, Carlos Humberto (CDU). Em Setúbal, António Costa era esperado pela presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU), pelo presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta (PS) e pelo presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro (CDU).

Forçado a esperar o primeiro-ministro em Setúbal, o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares (CDU), dizia que queria ter apanhado o comboio. Mas, “atrasei-me dois minutos e já não consegui”.

A boa disposição em toda a comitiva não se livrava de comentários sobre o Navegante ter estreado a 1 de Abril (Dia das Mentiras). Fernando Medina não esqueceu o dia e comentou que este “será lembrado pela verdade. Depois de 40 anos a querermos um passe único na AML”. Ao que acrescentava: “Estamos a criar um transporte público que é um direito. Muitos não acreditavam que fosse acontecer”.

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Benefícios para a economia familiar e ambientais

Pelas contas de Medina, a venda de passes em Março foi de “mais de 70 mil”, comparativamente com o mesmo mês do ano passado. Logo a seguir o ministro João Pedro Matos Fernandes afirmava que para além do benefício financeiro, o Navegante introduz uma valorização ambiental. “A verdade das alterações climáticas, a verdade da existência de 700 títulos de transporte na AML e deslocações em que os passes eram mais caros do que um transporte individual, do que ir de carro”

Benefícios para a família e questões ambientais foram também focadas por António Costa, que também não deixou de beliscar os críticos do Navegante. “Não faz sentido parar o país porque vamos três eleições, porque senão o país não fazia mais nada este ano”. A isto acrescentou: “dos autarcas não tenho ouvido muitas críticas, porque sabem que chega a todo o país”, afirmou, insistindo que a medida chegará a todas as Comunidades Intermunicipais, na maioria das quais em Maio.

Constante nos elogios aos autarcas da AML por terem chegado a acordo para a criação do Navegante, incluindo as 19 operadoras de transportes colectivos, o primeiro-ministro lamentou que os que apontam que a medida entre em vigor a poucos meses de eleições, “tenham estado distraídos” quando a mesma ‘nasceu’ numa cimeira em março do ano passado entre as Áreas Metropolitanas e o Governo e tenham votado contra ela no anterior Orçamento do Estado.

“Mas, a melhor forma de compreender como muitas vezes infelizmente a política nacional se perde em imenso artificialismo e muita mentira é a forma como a política ao nível local e os autarcas de todos os partidos compreenderam bem esta medida, participam nesta medida e são coautores da mesma”.

 

Dores Meira elogia entendimento de esquerda

 

A abrir a cerimónia na Câmara Municipal de Setúbal para assinalar a entrada em vigor do Navegante, a presidente da Câmara de Setúbal, perante António Costa, a quem chamou de “estimado amigo”, não deixou de vincar que ontem foi um dia “histórico”.

“Este será o dia que será recordado como o momento em que se operou uma mudança histórica na forma como em Portugal utilizamos e pagamos os transportes públicos”.

“Este é o dia em que teremos não um enorme aumento de impostos, mas sim uma enorme redução da fatura com os transportes públicos que muitos milhares de famílias utilizam todos dias para ir trabalhar ou estudar. Este é o dia em que teremos não enormes cortes nos rendimentos do trabalho, mas sim considerável reposição de rendimentos por via da redução do preço dos passes sociais na maior e mais povoada área metropolitana do país”, acrescentou,

Dirigindo-se aos críticos da redução do tarifário dos passes sociais, Maria das Dores Meira interrogou-se se esta medida seria possível se não existisse um Governo apoiado à esquerda.

Apesar dos elogios ao novo tarifário de transportes públicos na AML, Maria das Dores Meira defendeu a necessidade de também se resolver rapidamente o problema da travessia do rio Sado, que disse ser “uma travessia injusta e desnecessariamente cara”.

“O mais importante está feito, o que não anula, naturalmente, a urgência de identificar rapidamente quais as ligações confinantes com a AML que importa integrar neste novo sistema”, disse.

Os novos tarifários dos passes sociais nos transportes públicos decorrem do Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART), que conta com 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado.

Os passes metropolitanos Navegante, em Lisboa, e Andante, no Porto, passam a ter um custo máximo de 40 euros e permitem viajar por todos os concelhos das áreas metropolitanas. Nas mesmas áreas, para quem quer viajar apenas dentro de um concelho os passes passam a custar um máximo de 30 euros.

No resto do país, coube a cada uma das 21 Comunidades Intermunicipais definir quais os descontos para os seus municípios e algumas começam já a aplicar reduções a partir de hoje, embora a maior parte esteja ainda a ultimar planos para os respetivos concelhos e remeta a sua aplicação para Maio.

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