8 Maio 2024, Quarta-feira

- PUB -
Uns cantaram outros nem tanto para celebrar Abril à janela

Uns cantaram outros nem tanto para celebrar Abril à janela

Uns cantaram outros nem tanto para celebrar Abril à janela

Lançado o desafio à população para cantar “Grândola Vila Morena” à janela, poucos aderiram, mas houve quem desse voz a toda a rua

 

A Vila Morena de Grândola andou de boca em boca, de janela em janela, de varanda em varanda e até, nalguns casos, de porta em porta. “Cá em casa também se cantou a “Grândola Vila Morena”, escrevia o presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, na sua conta de Facebook neste 25 de Abril; são 46 anos depois do dia em que Portugal viveu a “Revolução dos Cravos” e abraçou a democracia.

Volvidos estes anos, concelho a concelho, vive-se outra luta: a luta pela sobrevivência ao Covid-19 e, contrariamente a outros anos, o apelo à população para vir para a rua celebrar a Liberdade, foi revertido para se ficar em casa e cantar à janela às 15 horas, em ponto, a canção de Zeca Afonso que deu a segunda senha para o avanço da revolução dos militares.

Mas esperava-se mais adesão. O SETUBALENSE andou pelas ruas de cidades como Setúbal onde à janela, o canto de “Grândola Vila Morena” ficou por conta apenas dos mais entusiastas. A esmagadora maioria das janelas mantiveram-se fechadas e as varandas vazias, mas em boa parte dos prédios pelo menos uma pessoa ou família aderiram à iniciativa.

Assim foi no Bairro do Viso e na Avenida S. Francisco Xavier onde houve palmas no final da interpretação popular, e um “viva Portugal” gritado por um homem a plenos pulmões, na rua. E a pouca adesão continuou em locais como a Avenida Infante D. Henrique, Avenida Luísa Todi, Avenida Rodrigues Manito e Praça do Bocage onde o rácio de bandeiras resumia-se a umas poucas.

Também em Palmela, na zona histórica poucas vozes se ouviram, embora houvesse um permanente som de fundo da gravação de Zeca.

Fotografia Alex Gaspar

Mais a norte do distrito, em Almada, o panorama não foi diferente. A presidente da Câmara, Inês de Medeiros, veio à janela do edifício municipal e cantou a canção senha de Abril do canta-autor, mas nas janelas da cidade não muitos cantaram. Mas outros pouco se importaram com o silêncio de muitos, como numa zona da Freguesia do Laranjeiro, onde um casal cantou bem alto, ao mesmo tempo que, não longe dali, alguém colocou uma potente coluna de som e fez vibrar a voz de Zeca Afonso.

No Seixal, os autarcas saíram para a rua como a incentivar a população, mas mais uma vez uns aderiram outros nem tanto. À falta de quem cantasse na janela, ouviram-se alguns artistas convidados pela autarquia. Mesmo assim cantou-se a Liberdade em dias de liberdade contida. O mesmo aconteceu no Barreiro e na Moita onde se ouviu o hino de Abril por ruas e avenidas, mas esperava-se muitos mais a responderem ao desafio da autarquia.

Já no Montijo era a própria autarquia a soltar, às 15h00, nas redes sociais a Grândola de Zeca Afonso pela voz do fadista da terra Tiago Correia gravada na manhã da véspera, do alto do varandim dos Paços do Concelho, o mesmo vídeo que reproduziu mensagens de autarcas, terminou com o Hino Nacional. Mas nas ruas, poucas vozes se ouviram.
O mesmo no concelho vizinho de Alcochete, mas se poucos aderiram, os que vieram para as janelas, varandas ou portas, fizeram-no a todos os pulmões, caso da Freguesia do Samouco, onde se ouviu igualmente a interpretação do Hino Nacional.

Fotografia Alex Gaspar

Na ‘casa’ de “Grândola Vila Morena”, cantou-se Zeca Afonso na voz de populares, mas também aqui eram muitas as janelas e varandas com ninguém. Mas, nas ruas, entoava a voz do canta-autor. Por parte da autarquia foi, entretanto, feito um outro desafio aos munícipes: escreverem uma pequena carta à liberdade, podendo a mesma ser ilustrada. “Vamos mostrar que, mesmo em casa, a Liberdade está a passar por aqui”. As cartas foram colocadas no Facebook da Câmara.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -