26 Abril 2024, Sexta-feira
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Primeiro velório em mais de um mês gera contestação de funerárias

Profissionais criticam agência organizadora e Paróquia de S. Paulo, que autorizou a cerimónia, porque, dizem, é um “precedente perigoso”

 

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Um velório que teve lugar de quinta para sexta-feira, na Capela de São Paulo, em Setúbal, está a gerar polémica entre as funerárias e lançou o debate sobre se este género de exéquias já devem realizar-se na cidade.

O corpo, de um jovem que faleceu vítima de acidente de viação, esteve em câmara-ardente desde as 19 horas de quinta-feira até perto das 14 horas desta sexta-feira, dia do funeral, tendo passado pela capela várias dezenas de pessoas.

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Foi o primeiro velório que se realizou na Capela de São Paulo, desde o dia 13 de Março, e, para a maioria das funerárias da cidade, representa um “precedente perigoso”, e que viola as regras em vigor nesta fase da pandemia de Covid-19.

As funerárias Santos e Filho e Central Setubalense criticam a Joliber, agência que fez o velório, e o pároco de São Paulo, que autorizou, considerando que foram desrespeitadas regras e recomendações, do Governo, da Direcção-Geral de Saúde (DGS) e da Conferencia Episcopal Portuguesa. Apontam que os velórios ainda não foram autorizados, que não é permitida a permanência de mais de dez pessoas em espaços com 100 metros quadrados, que são proibidos ajuntamentos e que as cerimónias religiosas ainda não foram retomadas pela Igreja.

Jorge de Apresentação, da Santos e Filho, sublinha que está em causa um “princípio”, que era respeitado por todas as funerárias em Setúbal, e que agora “foi aberto um precedente” que leva a que as outras famílias também queiram velar os seus entes-queridos. “Temos de nos mentalizar que as regras são para cumprir, caso contrário vamos regredir no controlo da Covid”, diz. E deixa bem claro que não está em causa o caso concreto do falecido, até porque a causa da morte não foi doença, mas o ajuntamento de pessoas.

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“A ideia que todos temos, em Setúbal, é que ainda não se podem realizar velórios. Mesmo as igrejas têm-nos dito que não se pode”, acrescenta Fernando Oliveira, da Central Setubalense.

A Agência Armindo também concorda que se trata de um precedente perigoso. “A partir do momento em que há um velório, as outras pessoas também têm direito”, diz o administrador do grupo Eternal Life, a que pertence a funerária. Pedro Conceição diz que a empresa do seu grupo “aguarda indicações” para poder voltar a realizar velórios. Segundo o responsável, essa orientação cabe à Diocese de Setúbal.

A Armindo considera, por isso, “imprudente” haver velórios nesta altura e nas condições que as capelas oferecem. “Quem garante que o espaço foi desinfectado depois?”, questiona Pedro Conceição.

 

Padre e Joliber garantem que regras foram cumpridas

Contactados por O SETUBALENSE, tanto o pároco como a funerária Joliber asseguram que as boas-práticas foram cumpridas.

“O Estado abriu a possibilidade de mais pessoas em funerais e o limite de 10 pessoas em espaço fechado foi respeitado”, disse o padre Luís Ferreira.

O gerente da agência Joliber, que fez o funeral, diz a mesma coisa. “Informei o senhor padre, que impôs as condições de um máximo de 10 pessoas de cada vez, na sala, e de todas usarem máscaras e foi isso que aconteceu”. Patrício José explica que a família assegurou o controlo de entradas e distribuiu máscaras e álcool-gel, em permanência, a todos os que entraram.

Já sobre o ajuntamento à porta da capela, que as fotografias mostram, tanto o padre como a funerária admitem que possa ter havido excesso.

“Na rua não podemos controlar”, disse o padre. “A partir da porta para fora a Joliber e o senhor padre não têm nada a ver com isso”, acrescentou o empresário.

Ambos confirmam que a PSP foi chamada e esteve no local. O pároco diz que “a polícia veio, viu que estava tudo de acordo e foi-se embora sem qualquer problema”. Já segundo Patrício José, a PSP “foi lá, porque houve uma denúncia, espreitou para o interior da capela, não multou ninguém e só pediu às pessoas que estavam cá fora para dispersarem”. Segundo o agente funerário, “as pessoas acataram” a ordem. “Se voltou a haver ajuntamentos depois, não sei”, conclui.

O padre e a funerária destacam ainda que foram reservadas as duas salas da capela, para aumentar a área de espaço fechado. Já a celebração, antes da saída do cortejo para o cemitério, foi feita na rua. “Fiz a encomendação no adro porque havia mais de 10 pessoas e não podia fazer dentro da capela”, refere Luís Ferreira.

Questionado se vai aceitar outros velórios, o pároco diz que já transmitiu essa possibilidade às agencias funerárias “desde que não tenham mais de 10 pessoas”.

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