29 Março 2024, Sexta-feira
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Palmela: Museu da Música Mecânica e Museu da Vinha e do Vinho

Caro leitor, hoje só vou falar de coisas positivas: de dois museus. Um, inaugurado há pouco. Outro, a criar quanto antes. Isto porque se vive uma distensão social no país, e, nas autarquias, os nossos autarcas andam felizes a anotar e realizar pequenas obras no espaço público (ruas, estradas, jardins, etc.), uma aqui, outra acolá, que beneficiem todos e cada munícipe (finalmente, perceberam que isso também dá votos; e para aos munícipes é muito bom). Querem tudo pronto até às eleições de Setembro para serem reeleitos. Não vou incomodá-los com críticas (que acharão sempre infundadas e injustas) em tão nobre missão a que se dedicam, sabe-se lá com que sacrifício pessoal, sempre, sempre em favor dos munícipes.

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Museu da Música Mecânica: inaugurado em Outubro passado em Arraiados, Pinhal Novo, da iniciativa de um cidadão particular: um acto bastante louvável, num país onde se quer que o Estado faça tudo, que apoie tudo e todos. E, ao mesmo tempo, se pensa o pior do Estado, se acha que nos castiga demais com impostos altos e burocracia asfixiante.

Alojado num edifício construído de raiz, concebido e organizado pelos modernos padrões da museologia, tem objectivos que vão muito além da mera colecção e mostra de objectos. No sítio da Internet pode consultar-se facilmente informação muito completa e variada sobre o mesmo.

Segundo o Maestro António Victorino D’Almeida, é, «senão o melhor, um dos melhores do mundo na sua especialidade, pela representatividade dos instrumentos de música mecânica, pela interacção com o público e pela singularidade como objecto museológico». É, pois, uma inegável mais-valia para o concelho, enriquecendo a escassa oferta cultural de museus, monumentos históricos, igrejas relevantes, sítios arqueológicos, património natural, outros espaços de cultura, desde há décadas ao semi-abandono ou no marasmo. Refiro-me ao potencial inaproveitado do Castelo de Palmela e seus espaços, às grutas neolíticas da Quinta do Anjo, ao Castro de Chibanes, à serra da Arrábida (e ao insucesso da candidatura a Património Mundial e Cultural da UNESCO). Comparando, por exemplo, com a vibrante actividade regular (colóquios, exposições, ciclos de conferências, edição editorial ligada ao concelho, etc.) do Museu Bernardino Machado (Vila Nova de Famalicão), a brilhante recuperação e uso do degradado Castelo de Belmonte ou a pujante actividade recreativa e cultural no Castelo de Óbidos.

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Museu da Vinha e do Vinho: é urgente a criação de um grande museu de dimensão nacional ou, até, internacional, sobre a mais importante e emblemática actividade do concelho: a vinha e o vinho. Contaria, certamente, com as principais empresas produtoras e o rico património que cada uma terá nos seus espólios, desde que fossem desafiadas e incentivadas. Esta convicção resulta da longa actividade de muitas (entre meio e um século), de dimensão e renome internacionais devido à excelência dos seus produtos, suportados num vasto lastro de saber materializado numa grande riqueza de memórias e de artefactos que podem ser historiografados. Um museu a sério, não o arremedo que existiu num armazém em Algeruz, de iniciativa municipal (fechado há cerca de dez anos), que só consumiu recursos (tão necessários às missões primordiais da câmara) e deu emprego a algumas pessoas. Um museu que comprometa os grandes produtores vinícolas – uma forma de darem mais um contributo cívico à comunidade –, acabando, também, por lhes trazer benefícios: seria um polo de promoção turística dos seus produtos e um local de visita para muitos portugueses e estrangeiros, desde que publicitado e inserido nos roteiros turísticos e museológicos nacionais e internacionais.

Sendo o Museu da Música Mecânica privado, e pelos maus exemplos, de âmbito local e nacional, com começo na «pujante» iniciativa privada e fim no «frágil» regaço público, desejo que, um dia, por dificuldades inesperadas ou outras vicissitudes, não sejam os dinheiros públicos municipais a arcar com mais esta responsabilidade.

Que não seja outro «elefante branco» como o Espaço Fortuna, comprado pela câmara a peso de ouro, agora um imbróglio legal, judicial e financeiro fruto da imprevidência de quem não salvaguardou o interesse público como devia.

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