26 Abril 2024, Sexta-feira
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Arrábida e Sado

Para não variar o turismo continua na ordem do dia. Recentemente  decorreu a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o grande certame do setor em Portugal, e foi a oportunidade de sabermos mais sucessos desta galinha dos ovos de ouro.

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Claramente não embarco nesta euforia. Bem vistas as coisas, esta indústria de cada vez mais gente ir para mais longe, mais rapidamente e por menos, é um produto do nosso tempo com uma fatura de valor incalculável, inevitavelmente, a cobrar um dia, como sempre. Entretanto, andamos distraídos e contentes, encantados com as hordas de turistas na Torre de Belém que em 15 minutos despacham a coisa, na melhor das hipóteses chupando um Olá. Tudo o que estamos a vender como produto turístico todos os outros têm, muitas vezes melhor. Em oposição o património natural que devemos viver e vender é único e de grande valor. Lamentavelmente em Portugal não há turismo de natureza, o turismo onde a comunidade local é o principal protagonista e que cria riqueza muito para além de fazer camas e aparar relva em hotéis de cinco estrelas. Não existe o produto “turismo de natureza” em Portugal. Pior, em Portugal na generalidade a natureza proíbe-se no literal sentido da expressão. Quando assim é, como pode haver turismo de natureza? Há, isso sim, iniciativas avulsas e pontuais que nada têm a ver com produto estruturado. Obviamente, como tudo em Portugal, salvo honrosas exceções. A natureza só faz sentido se for “exaustivamente” viva e vivida, mas em Portugal é problemático ter uma casa num parque natural e não se pode acampar na margem de um rio. Há em Portugal um capital natural fabuloso e um mercado brutal à porta ávido do que só nós temos (o mercado da Europa rica sem biodiversidade, igrejas e castelos todos têm e não é fator diferenciador). A Arrábida e o Sado têm um valor incalculável. Confesso, convictamente, que foi uma sorte a Arrábida não ser classificada património da UNESCO, já não há paciência para tanto “património UNESCO”. A mais valia é a marca Arrábida, “não património da UNESCO”, os patrimónios da Arrábida vão muito para além. Os autarcas locais apenas têm que cumprir o seu dever: exigir do Ministério do Ambiente a total gestão do território e a partir daí estruturar a marca Arrábida Natural. Olhe-se aqui para o lado, Espanha, onde tudo é diferente para muito melhor com o exemplo, persistente de décadas, das Astúrias à cabeça. Por cá, há mais de dez anos,  a Naturtejo, mostra como se faz.

Portugal igual a si próprio, pobre e contente.

Carlos Cupeto
Universidade de Évora
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