19 Abril 2024, Sexta-feira
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PENSAR SETÚBAL: Os 100 anos da 1ª Guerra Mundial – Uma Homenagem ao Coronel Jerónimo Osório de Castro

PENSAR SETÚBAL: Os 100 anos da 1ª Guerra Mundial – Uma Homenagem ao Coronel Jerónimo Osório de Castro
Giovanni Licciardello - Professor
Giovanni Licciardello – Professor

Na sequência das crónicas que tenho escrito, evocando o fim da 1ª Guerra Mundial, hoje vamos falar de um tio da Ana Leonor.

Jerónimo Osório de Castro era irmão de Ana de Castro Osório, republicana, feminista e escritora.

Assentou praça em 1889, tendo feito o curso de infantaria na Escola do exército. Promovido a alferes em 1896, Tenente em 1900, Capitão em 1907, Major em 1915, Tenente–Coronel em 1917 e a Coronel em 1922.

Jerónimo Osório de Castro efectuou quase toda a sua carreira militar no Ultramar.

Em 1891 esteve na pacificação do Angoche, em Moçambique,  sob as ordens do general  António Pereira de Eça.

Em 1895, Jerónimo Osório de Castro esteve também presente na Índia, na sequência da revolta dos Ranes. A revolta dos Ranes foi uma insubordinação dos soldados indianos, com repercussão na metrópole e no ultramar.

Estas revoltas eram essencialmente dirigidas contra a administração local, que, segundo a sua opinião, afastava-se dos interesses locais.

Foram também enviados para a Índia dois membros da família real portuguesa, como comandantes das forças expedicionárias, o Infante D. Augusto, irmão do Rei D. Luís, e depois o infante, D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, que chegou a Goa em 12 de Novembro de 1895. tendo assumido o cargo de vice-rei por um período compreendido entre 19 e Março e 27 de Maio de 1896.

Foi sobretudo graças à sua acção que a revolta acalmou e os revoltosos foram amnistiados.

Em 1910, ficou colocado em Setúbal, como Comandante do Quartel do 11, altura em que nasceu seu filho, Jerónimo de Melo Osório de Castro, médico veterinário e escritor, cujo nome se encontra numa rua de Setúbal.     

Em 1917, foi chefe de gabinete de seu irmão Alberto Osório de Castro, na altura Ministro da Justiça do Governo de Sidónio Pais.

Fez também parte do Corpo Expedicionário Português em França, como Comandante de um regimento de infantaria, durante a 1ª Guerra Mundial.

Esteve presente da Batalha de Las Lys, uma das batalhas mais mortíferas para Portugal, que durou de 9 de Abril até 29 de Abril de 1918.

A segunda divisão portuguesa, comandada pelo General Gomes da Costa (que viria a ser Presidente da República), com cerca de 20 000 homens, perdeu cerca de 8000 homens, ao resistir ao ataque de quatro divisões alemãs, de 50 000 homens, do VI° exército alemão comandado pelo general von Quast.

 

Jerónimo Osório de Castro recordava essa batalha com particular intensidade, profunda tristeza e comoção, pela paisagem desnudada pelas bombas, pelos inúmeros feridos e estropiados, pelos cadáveres que jaziam em toda essa região e pelas inúmeras vidas portuguesas que se perderam, nessa ocasião.

 

Passou à reserva em 1929 e dedicou-se inteiramente à Liga dos Combatentes da Grande Guerra.  Foi administrador do concelho das ilhas de Goa, defensor oficioso do tribunal militar de Lisboa, presidente da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, comendador da Ordem de Avis, medalhas de serviços distintos em África, medalha de prata “Raínha D. Amélia”, com a legenda “Expedição à Índia, 1895” cruz de 3ª classe da Ordem da Estrela Brilhante do Zanzibar, e medalha militar de prata da classe de comportamento exemplar.

Publicou em 1904 o Relatório e Annuário da Administração das Ilhas de Goa, Nova Goa, Imprensa Nacional.

Faleceu em Lisboa, em 1935.