26 Abril 2024, Sexta-feira
- PUB -
Início Opinião Não à violência

Não à violência

0
Não à violência
Francisco Ramalho - Ex-bancário, Corroios
Francisco Ramalho – Ex-bancário, Corroios

Quase chegada a hora limite para enviar a minha colaboração para  “O setubalense”, e não vislumbro nenhum assunto específico para partilhar aqui com os nossos prezados leitores e leitoras que seja propriamente novidade. O que não quer dizer que não exista, evidentemente! Mas, não sei se já repararam, dos casos mais badalados; violência doméstica, Venezuela, Bairro Jamaica, greve dos enfermeiros, o denominador comum, é a violência.

Já estará alguém a interrogar-me: também a greve? Sim, a greve! E sem questionar a razão e justeza da mesma e os polémicos métodos que, segundo o Governo, levou à Requisição Civil, então o adiamento de intervenções cirúrgicas não provoca mais sofrimento e até morte para tantos pacientes? E o que é isso se não violência?

E pronto!Infelizmente, embora não seja novidade, já encontrei um assunto específico: a violência. Comecemos pela mais letal, mais desumana, mais paradoxal, a denominada, e bem, violência doméstica. Que, até ao momento que escrevo, este ano, já provocou 12  vitimas mortais. Todas mulheres. Estou a incluir o caso que chocou o país; a menina estrangulada pelo próprio pai que também matou a sogra. Não é mesmo paradoxal? No seio familiar, no que deveria ser o porto de abrigo, entre as pessoas de relações mais intimas e até de sangue, esta selvática crueldade? Enfim! Complexidades do ser humano. Mas,  que urge sejam tomadas medidas! A começar nos bancos da escola e até à universidade (para os que lá chegam, claro!) que se discuta e se sensibilize crianças e jovens contra este flagelo, a violência. A prevenção, como em tantas outras matérias, é fundamental. As autoridades devem ser muito mais céleres. E a Justiça, passe o pleonasmo, deve ser efetivamente justa  e sem contemplações. São vidas que estão em causa. É inadmissível esta barbaridade. E tão frequente!  Mas,não será tudo isto o corolário da sociedade, também ela, tão violenta, em que vivemos? Não será o desemprego, os baixos salários e pensões de reforma, as prolongadíssimas esperas para se conseguir uma operação inadiável? Uma consulta?Não será tudo isto e muito mais, também violência?  E a corrupção, os roubos e desvios de milhões e milhões quase sempre impunes, os lucros e ordenados escandalosos de uma ínfima minoria, perante tanta carência da grande maioria, não será ainda, tudo isto, também violência? Não será o próprio  sistema em que vivemos, o capitalismo cada vez mais predador, a mãe de todas as violências?

Portanto, é imperioso que façamos o que nos é possível para alterarmos este lamentável estado de coisas. E, sobretudo, a violência. A isso nos obriga a solidariedade e a dignidade.