19 Abril 2024, Sexta-feira
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Romaria Moita-Viana do Alentejo

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Romaria Moita-Viana do Alentejo
Carlos A. Cupeto -Escola de Ciências e Tecnologia Universidade de Évora
Carlos A. Cupeto -Escola de Ciências e Tecnologia
Universidade de Évora

Há dois anos escrevi sobre este assunto no Diário da Região. A coisa é tão absurda que volto ao tema da encantadora Romaria que está aí à porta. Manda a tradição, e a Fé, que os agricultores da Moita rumem, desde há muito, à Senhora D’Aires, em Viana do Alentejo, a pedir boas colheitas. O sucesso desta Romaria nasce da iniciativa popular e da cooperação interautarquias. Todos os anos, uma vez por ano, centenas de cavaleiros e milhares de gentes invadem os campos. Naturalmente, há muitos e legítimos interesses económicos do setor privado num evento deste tipo. Por isso, é muito difícil imaginar as razões por que esta Romaria não é assumida como um fantástico produto turístico 365 dias por ano. Uma Grande Rota, que se possa fazer de cavalo, a pé, ou de bicicleta, cria riqueza. Como é possível este fabuloso produto não existir?

Não chega já de estragar dinheiro em iniciativas, neste caso percursos e rotas, que nada valem comparadas com esta Romaria? A Grande Rota Moita-Viana do Alentejo tem tudo, mas tudo, o que apregoam e muitas vezes se inventa: natureza, religião, patrimónios, artes, cultura, tradição, enogastronomia, etc., etc. Tem ainda  a capital do país numa ponta e uma cidade UNESCO na outra, ligadas por uma linha de caminho de ferro como mandam os melhores requisitos de quem sabe e faz estas coisas. Ou seja, torna-se óbvio que a Grande Rota deve ser alargada à cidade Património Mundial (Évora) e à capital de Portugal (Lisboa). Incomoda-me cada vez mais que os anos passem e que esta GR não surja, até como um desígnio nacional. Por que razão temos de continuar a ser pobres? Obviamente, a iniciativa não pode ser das associações de cavaleiros que todos os anos organizam esta Romaria. Numa primeira fase de estruturação, uma GR desta natureza tem de ser assumida por entidades de âmbito nacional e regional, até chegar aos sete municípios envolvidos que estão territorialmente envolvidos, incluindo Lisboa e Évora.

O grande desafio é tornar este percurso numa Grande Rota que se constitua como um produto turístico de excelência e atraia, durante todo o ano, cavaleiros, caminheiros e ciclistas. Nesta matéria, basta ver o que existe no estrangeiro (com muito menos condições) e tomar consciência do valor que esta rota pode representar. Até um cego vê.