25 Abril 2024, Quinta-feira
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Os indignados retardados

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Os indignados retardados
Francisco Ramalho - Ex-bancário, Corroios
Francisco Ramalho – Ex-bancário, Corroios

Há por aí imensa gente indignada com o anúncio feito pelo Presidente do Conselho de Administração do Novo Banco, de que o mesmo precisa de mais 1149 mil milhões. E que, provavelmente, não se ficará por aqui.

Se grande parte dessa gente, os indignados retardados (IR), não andasse “distraída”, sabia que mais uma vez, será forçada a contribuir para aquele poço sem fundo. Sabia que o Banco de Portugal e o Governo PSD/CDS pela mão do seu Secretário de Estado das Infraestruturas Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, no acordo de venda do banco que fizeram aos americanos do fundo Lone Star, previa isso. Ou seja, que “perdas com ativos problemáticos” seriam repostas pelo Fundo de Resolução. Que é como quem diz, pelo Estado. Ou seja, pelos contribuintes.

O Sr. Ministro das Finanças, Mário Centeno, diz que não há razão para temores por parte dos contribuintes, porque quem vai pagar mais esta batelada de massa que o Estado injeta no Novo Banco, serão os bancos constituintes do Fundo de Resolução. Ora como 20% deste fundo é contribuição da CGD e a amortização (se for feita…) pode ser até 2046, estão a ver se os contribuintes pagam ou não pagam!

Portanto, se os IR não andassem “distraídos”, deviam ter-se indignado logo quando PS, PSD e CDS, privatizaram toda a banca com exceção da CGD. E, mesmo esta, agora sangram continuamente. Ou ainda, quando os mesmos partidos, em vez de venderem o banco por tuta e meia (mil milhões em duas tranches) e com as condições leoninas que estão à vista, o tivessem nacionalizado como propôs, nomeadamente, o PCP.

Conclusão, compreende-se que os IR estejam indignados. Pena é que essa indignação seja tão tardia. Agora só teriam uma coisa a fazer: juntarem-se aos que sempre se indignaram contra os golpes baixos do capitalismo. Que sempre se indignaram contra o próprio capitalismo.

Esperemos que alguns deles o façam. Os outros, continuarão “distraídos” até à próxima indignação.