20 Abril 2024, Sábado
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Recordar é viver: António Luís Pereira de Almeida – Médico 1866-1947

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Recordar é viver:  António Luís Pereira de Almeida – Médico 1866-1947
Custodio Pinto
Custodio Pinto

António Luís Pereira de Almeida nasceu em Santarém e foi um conceituado médico em Setúbal, considerando-se um Setubalense, pois viveu cerca de 40 anos na nossa cidade, onde constituiu família e exerceu a sua profissão como médico.

Era um médico do povo, com grande coração para os desafortunados, que os protegia consultando-os sem qualquer interesse monetário e por vezes nas suas consultas domiciliárias, à saída, ainda deixava na mesa da cabeceira algum dinheiro e medicamentos. Nunca se recusou a visitar um doente a sua casa, a qualquer hora, fosse de dia ou de noite, fazendo-o como médico e bom cristão.

Era um bom orador, cronista e colaborador do periódico “Jornal Sado”. Foi um grande republicano, defensor das causas nacionais, dos problemas de Setúbal e do país.

Formado em Medicina e licenciado em Matemática, Física e Filosofia pela Universidade de Coimbra, foi professor liceal e presidente da Câmara Municipal de Setúbal nos anos 30.

Na qualidade de presidente do senado municipal, em 1925, fez parte de uma comissão, com Francisco Fernandes, Mariano Coelho, Francisco Maria Rosado, doutor Mendes Dordio e um representante da firma Dias Costas e Companhia, que se deslocaram a Lisboa com o fim de se reestabelecer o sexto e sétimo ano no liceu.

Recordo-me de um comício no casino Setubalense, em que o principal orador era o doutor Pereira de Almeida, casa superlotada, muita polícia, segurança e da PIDE, com algumas prisões, como era costume. Doutor Pereira de Almeida era um grande republicano, convicto na defesa da liberdade e dos mais desfavorecidos e enfrentava as lutas como foi o comício no casino Setubalense.

Em Grândola, também havia um médico muito conceituado e um grande benemérito, que protegia muito a classe mais pobre. Era o doutor Evaristo e em Setúbal muitos já comparavam o doutor Pereira de Almeida ao doutor Evaristo. Ambos, aquando das consultas aos doentes, que eles sabiam que tinham dificuldades, não cobravam e muitas vezes ainda ofereciam os medicamentos.

Em Setúbal o doutor Pereira de Almeida e em Grândola o doutor Evaristo tiveram grandes funerais, como não há memória, numa grande demonstração de carinho e de amor do povo setubalense e grandolense.

O doutor Evaristo era algarvio e tem uma estátua de corpo inteiro num dos largos de Grândola, como reconhecimento, que foi oferecida pelo povo grandolense.

E é bom fazer lembrar aos mais idosos e dar a conhecer aos jovens um dos muitos valores passados e neste caso recordar um dos médicos considerados do povo, doutor António Luís Pereira de Almeida.

E recordar este benemérito é viver.