25 Abril 2024, Quinta-feira
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Falando do Advento

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Falando do Advento
Mário Moura - Médico
Mário Moura –
Médico

 

O prometido é devido! A semana passada terminei a minha reflexão semanal com a promessa de fazer algumas considerações sobre esta época que nos põe na pista das festividades do Natal -sobre esta época que se designa pela palavra ADVENTO.     E podemos definir com muita simplicidade e sem arrebiques da tradição e das rígidas regras que com os séculos têm tornado a nossa Igreja Católica num edifício anquilosado e desfasado da realidade que tem vindo a transformar esta mundo em que vivemos – realidades novas que a ciência e as tecnologias , com uma velocidade impressionante  tem transformado costumes e conceitos num esforço da mente humana para perceber através da sua RAZÃO tantos mistérios , alguns arvorados em verdades dogmáticas pela hierarquia centrada em Roma, podemos definir esse ADVENTO COMO UMA CAMINHADA , UMA PREPARAÇÃO    E esta incapacidade de tornar explícitos e dar o verdadeiro sentido a muitas afirmações da Igreja tem, não tenhamos dúvidas, vindo a afastar uma imensidão de cidadãos duma vida verdadeiramente cristã.   O ADVENTO, dissemos, é uma caminhada , uma preparação para recebermos esse facto – esse sim, extraordinário – de Deus, esse conceito também  dificilmente  compreendido pela inteligência dos homens – dizia: esse facto extraordinário de Deus (o Poder Criador, o verdadeiro Caminho para os homens, o verdadeiro sentido da vida para os homens) incarnar num ser humano, se fazer um de nós facilmente visto e ouvido pelos olhos e os ouvidos dos homens.   Embora em diminuição, pelo menos entre nós no Ocidente, do número de seguidores desse Homem extraordinário que se dizia Filho de Deus e se deixou matar pelas instâncias do poder local, esse homem extraordinário que numa enorme simplicidade  convive essencialmente com os pobres, com os doentes, com todos os excluídos da sociedade de então, e cuja vida veio transformar o mundo de tal forma que o tempo se divide em antes DELE e DEPOIS DELE.     E Ele não foi tolerado pelas instâncias civis e religiosas da época e mataram-no com uma morte ignominiosa, crucificado numa cruz com verdadeiros criminosos.. E ELE apenas veio viver o amor, o serviço dos outros em todas e quaisquer circunstâncias – veio morrer por amor!!   Ai! Como isso é tão necessário que se volte a tentar viver dessa maneira neste mundo atual em que se mata com facilidade . em que se engana com olímpica naturalidade, em que se rouba quase oficialmente, em que se vive a intolerância  e se cultiva o EU e nem seque se compreende o NÓS, num esquecimento total que cada homem se “constrói”  com a participação dos outros com quem convive: a mãe, o pai, a família, a comunidade em que vive com os seus costumes característicos.   Não nos esqueçamos deste fenómeno da criação, deste fenómeno que se chama neotenia, desta necessidade de viver em Paz e Harmonia. Não é o que um cidadão comum anseia ?

E o Advento pode viver-se de muitas maneiras: vivendo uma vida longa sempre ao serviço dos outros, espalhando amor à sua volta, cumprindo as suas obrigações conjugais, profissionais e de cidadania, e deixando nesta vida terrena  saudade, recordação da ternura e do serviço aos outros – assim viveu toda a sua vida em verdadeiro Advento chegando à visão plena do Amor, desse Amor integral, puro, de felicidade que será o completar do verdadeiro sentido duma vida, da sua vida – assim viveu e é Natal para a minha Ana Maria que há meia dúzia de dias passou desta vida terrena para,  podemos com propriedade designar, “O REHO DO DEUS / AMOR!!!  Depois dessa vida de doação e…de quase dez anos de sofrimento físico de múltiplas doenças! Está na verdadeira PAZ e na verdadeira FELICIDADE ! Viveu para isso o seu Advento!