29 Março 2024, Sexta-feira
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Haja saúde!…

A chegada do Covid-19 a Portugal é mais uma gota no copo já cheio do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Os constantes episódios, dignos de nota negativa , ocorridos por todo o país acabam por minar a confiança neste que é um serviço básico de todos nós.
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Também o distrito de Setúbal tem sido cenário de sinais óbvios de que urge tratar o SNS!
A crise das urgências hospitalares percorre a região, da mesma forma que a percorrem muitos utentes encaminhados ora de Setúbal e Barreiro para Almada, ora de Almada para Setúbal, devido à sobrelotação nos serviços e à falta de Recursos Humanos (RH) que assegurem os cuidados de urgência necessários.

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Esta mesma falta de RH está precisamente na origem do encerramento noturno das urgências pediátricas no Hospital Garcia da Orta (HGO), em Almada, e na forte possibilidade do encerramento das urgências obstétricas no Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, apenas para citar dois casos.

E estes mesmos RH queixam-se de horas extraordinárias para além da conta e garantem estar no limite da capacidade de resposta, temendo comprometer a segurança dos doentes e a qualidade do atendimento. Só a título de exemplo, e segundo dados do próprio Ministério da Saúde, os médicos do serviço de Medicina Interna (MI) do HGO asseguraram, entre janeiro e novembro de 2019, 12 mil horas extraordinárias!

Mesmo assim, o procedimento concursal de 23 de dezembro de 2019, relativo ao recrutamento de médicos para o SNS, para o caso específico de MI no HGO, abriu apenas uma vaga. Uma vaga para colmatar uma necessidade de profissionais que gera 12 mil horas extraordinárias em 11 meses…

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Mas os sintomas agravam-se quando vemos muitos destes concursos desertos porque os profissionais de saúde se sentem motivados a procurar uma “relva mais verde” no privado. Aí, conseguem melhores ordenados e condições, alimentando e alimentando-se de um negócio tão rentável como preocupante e, parece-me!, perigoso.

Por exemplo, se o SNS não tem condições para determinado ato médico, encaminha-se o utente para o privado, mas continua a ser o SNS, isto é, os contribuintes, a suportar a despesa. E assim, pouco a pouco e de uma forma ou outra, assistimos ao definhar do SNS também à custa do florescimento do setor privado. Pessoalmente, não quero para o meu país uma saúde apenas para quem a pode pagar. Não quero que a prestação destes cuidados se aproxime do modelo americano, em que as pessoas apenas os recebem se forem detentoras de seguro…

Até porque, segundo a Constituição Portuguesa, todos têm direito à proteção da saúde, sendo uma das suas garantias “um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito”.

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Mas num país onde o SNS se coloca em situação de perder a confiança dos seus utentes e profissionais, como poderá manter-se esse direito? Se há investimento, se há bons profissionais (creio que, se assim não fosse, a situação seria muito pior!), onde reside o problema? E sobretudo, onde reside a solução? Urge refletir, dialogar e agir!

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