27 Abril 2024, Sábado
- PUB -
InícioOpiniãoDefender o SNS da avidez dos privados

Defender o SNS da avidez dos privados

Todos sabemos que o SNS padece de um problema de saúde crónico. Chama-se desinvestimento e tem sido mantido governo após governo como parte de uma estratégia de desmantelamento do serviço nacional de saúde. Sem SNS capaz de responder às necessidades está estendido o tapete aos privados. Das gestões privadas dos hospitais públicos, às contratuatalizações para internamento de doentes, passando pelos cheques-cirurgia ou pelas centenas de milhões de euros em convenções para meios complementares de diagnóstico e terapêutica, os privados têm tido sempre a porta aberta ao lucro financiado por dinheiros públicos.

- PUB -

Conhecemos a narrativa: a gestão privada é que é, os privados têm melhores equipamentos, instalações e até profissionais. Para o público, a narrativa dos que vivem à custa do orçamento do SNS é, obviamente, a oposta: faltam as instalações, os equipamentos, os profissionais, blá blá blá. Mas, entretanto, aconteceu uma pandemia. E o que se viu? Os privados foram os primeiros a abandonar o barco e a fechar portas enquanto nas TV’s asseguravam que ali estavam para o que fosse preciso e a postos para ajudar incondicionalmente o combate à crise sanitária. Claro que não tardou até esclarecerem que afinal, a “ajuda” era para ser paga. O tratamento dos doentes com Covid19 teria de ser financiado pelo SNS para compensar a perda de receitas que tiveram com a pandemia.

O que se viu, foi que quem assegurou, sem arredar pé, a prestação de cuidados de saúde durante a pandemia, foi o serviço nacional de saúde mesmo com os profissionais no limite das suas forças.

A diferença entre público e privado é cristalina: o público garante a universalidade, trabalha para que todos tenham acesso aos serviços e não deixa ninguém para trás. O privado trabalha para um único fim: a acumulação de lucro.

- PUB -

Sem surpresa, os privados são novamente os primeiros da fila para “ajudarem” o SNS a recuperar as consultas e cirurgias que foram adiadas e que constituem agora uma exigência e esforço acrescidos. O governo já anunciou, entretanto, a intenção de recorrer aos privados, pagando-lhes, para recuperar esse atraso. No fundo, premiando-os por não terem feito nada para ajudar.

Esta estratégia é profundamente errada e é também uma afronta aos milhares de profissionais do SNS, dos médicos aos auxiliares de saúde, dos enfermeiros aos técnicos de diagnóstico e terapêutica, dos administrativos aos assistentes operacionais, que estiveram na linha da frente arriscando a sua própria segurança e das suas famílias.

O que deve ser feito agora é reforçar o SNS porque já sabemos que em tempos de aflição é só com ele que podemos contar. Para isso é essencial a contratação definitiva de todos os profissionais de saúde contratados temporariamente para responder à pandemia; a manutenção da autonomia das instituições para contratação e aquisição de bens e serviços; o financiamento necessário para que seja o SNS a assegurar os meios complementares de diagnóstico e terapêutica; aumento do horário de funcionamento dos serviços e blocos operatórios; a criação de uma rede dedicada à COVID-19, garantindo o contínuo acesso de todos os profissionais a equipamentos de proteção individual, a subsídio de risco e ao reconhecimento automático dos casos de profissionais contagiados com Covid19 como doença profissional; o reforço das linhas de apoio para a Saúde Mental e o financiamento necessário à implementação do Programa Nacional de Saúde Mental.

- PUB -

Defender o SNS da avidez dos privados é o que garante que qualquer pessoa tenha acesso aos serviços de saúde de que necessita. E isso não é coisa pouca.

- PUB -

Mais populares

Cavalos soltam-se e provocam a morte de participante na Romaria entre Moita e Viana do Alentejo [corrigida]

Vítima ainda foi transportada no helicóptero do INEM, mas acabou por não resistir aos ferimentos sofridos na cabeça

Árvore da Liberdade nasce no Largo José Afonso para evocar 50 anos de Abril

Peça de Ricardo Crista tem tronco de aço corten, seis metros de altura e cerca de uma tonelada e meia de peso

Homem de 48 anos morre enquanto trabalhava em Praias do Sado

Trabalhador da Transgrua estava a reparar um telhado na empresa Ascenzo Agro quando caiu de uma altura de 12 metros
- PUB -