19 Abril 2024, Sexta-feira
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A tolerância como ato de rebeldia

Num momento em que o mundo atravessa a maior crise de saúde pública das últimas décadas, é urgente refletir sobre a sociedade que somos, bem como sobre o caminho coletivo que estamos a trilhar. E se hoje muitas bandeiras vermelhas se levantam, em rigor as causas já germinavam entre nós e merecem fria análise.

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A pandemia Covid-19, com os medos, indignações e ansiedades que a ela surgem associadas, tem acicatado desde os mais relevantes debates às mais espúrias alucinações. Assistimos, simultaneamente, a gestos de enorme humanismo e atos do mais profundo egoísmo. Testemunhamos a importância do conhecimento e manifestações de profunda ignorância. A tolerância de poucos contrasta, pungente, com o radicalismo de quase todos.

Nas redes sociais, na opinião escrita ou verbalizada e em conversas informais, eleva-se uma multidão de neoespecialistas sobre tudo e nada, que mais não fazem do que confundir a opinião pública e alimentar o medo de que se alimentam os populismos. E é precisamente neste aspeto que os políticos têm forçosamente de se distinguir: opinando com prudência, aprofundando conhecimento com os verdadeiros especialistas de cada área e, acima de tudo, evitando a polarização extrema do debate político, que mais não faz do que corroer no médio prazo a própria Democracia.

A este propósito, segundo os investigadores da rede Varieties of Democracy, citados por Leonete Botelho, no Público, em 82 países a pandemia contaminou o processo político tornando-o mais autoritário. Na palavra destes académicos assistimos a um “retrocesso pandémico da democracia” que até ver não chegou a Portugal.

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Apesar do regime português dar, no plano local e nacional, sinais de robustez é hoje mais importante do que nunca reforçar os valores da Igualdade, Liberdade e Fraternidade. No fim do dia, estes serão os escudos que nos poderão proteger das sombras projetadas pelos extremistas, que, apesar de minoritários, produzem cada vez mais eficaz ruído.
Ser tolerante com a diversidade e respeitar a opinião do outro, sem deixar de lutar pelas nossas visões do mundo, constituem cada vez mais um imperativo na proteção da nossa comunidade. Afinal de contas, num mundo cada vez mais submerso nos absolutos pretos e brancos, a moderação e o bom-senso são estranhamente quase um ato de rebeldia.

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