26 Abril 2024, Sexta-feira
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Os inconsistentes argumentos dos aficionados

A tauromaquia reclamou, e, por enquanto, ganhou. E o polemíssimo assunto, voltou, mais uma vez ,à ordem do dia. De um lado e do outro, voltaram a esgrimir-se os já habituais e estafados argumentos.

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Realcemos um, dos auto-denominados amigos dos touros (com amigos assim…), que é o de dizerem que quem se opõe a esse espetáculo bárbaro e primário, é quase ,ou mesmo tudo, gente da cidade que nunca viu sequer um touro a pastar e que não conhece os fundamentos da ancestral tradição. E este, para não lhe chamar falso, direi que é inconsistente. Por exemplo, este vosso escriba, é conterrâneo de uma das figuras maiores do toureio equestre, João Branco Núncio,Alcácer-do-Sal, e passou grande parte da sua adolescência e juventude na terra de outro, David Ribeiro Teles (e José Júlio), Coruche. E com 12/13 anos, já trepava a oliveiras e sobreiros a fugir de vacas bravas e touros tresmalhados. Portanto, “naturalmente”, também foi aficionado. Mas, felizmente, evoluiu. Hoje, acha abominável, para gáudio de aficionados, o massacre daquele belíssimo, imponente e nobre animal.

Inconsistente também, é o que consideram o mais importante, o imbatível, o definitivo argumento, que é o de que se não houvesse touradas, pura e simplesmente não existiam touros bravos. Porque, dizem, não é minimamente rentável, a sua criação. E porquê? Porque esta raça não se dá em cativeiro. É verdade! E ainda, porque demora bastante mais tempo que as outras, a atingir a plenitude. Também é um facto.

Mas há um “pormenor” que os aficionados entendidos, propositadamente omitem, que anula por completo o seu aparente incontestado argumento. Esta raça, também ao contrário das outras da sua espécie, dá-se perfeitamente na charneca. Basta-lhe o mato e a escassa pastagem das suas pobres terras. Sendo apenas necessário para a engorda, algum tempo na lezíria, ou um suplemento alimentar temporário. Além disso, a sua carne é de excelente qualidade.

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Portanto, o que consideram o seu mais importante argumento o que mais justifica aquele espetáculo cruel, é não só inconsistente,é falso.

Há uma fase das touradas muito pouco conhecida que convém divulgar, para se ver até que ponto vai a afeição que os aficionados dizem sentir pelos touros: antes da lide, nos curros, manietado, completamente à mercê dos seus “amigos”, para se tornar mais agressivo, o touro é fria e impiedosamente espicaçado com aguilhões de aço. Depois, na arena, é a continuação do sacrifício, é o deprimente e triste espetáculo que toda a gente já conhece.

Dizem ainda, que para além da coragem de enfrentar o animal agredido, naturalmente ainda mais enfurecido, há arte na estética da lide. É inegável! Mas isso justifica o sofrimento atroz do inocente animal? Haverá alguma arte que o justifique? Não será o gozo com essa crueldade, uma aberração?

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Por respeito a este e a qualquer ser vivo, pela dignificação humana, cremos que a evolução acabará por impor o fim das touradas.

Apressemo-lo!

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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