20 Abril 2024, Sábado
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Um mandato que se adivinha atribulado

Nas últimas duas décadas, o Vitória Futebol Clube (VFC) foi uma máquina implacável a consumir presidentes. Desde 2001, o clube teve oito(!) presidentes. Apenas Fernando Oliveira fez mais do que um mandato e beneficiou de alguma estabilidade. Os sete restantes presidentes, completaram apenas um mandato, ou nem isso. Estes dados, por si só, atestam a instabilidade diretiva e associativa recorrente no VFC e, por arrasto, a imensa dificuldade que se tem sentido nos últimos 20 anos para criar os consensos necessários à implementação de um projecto desportivo coerente.

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Ainda assim, na linha da meta, o Vitória lá foi conseguindo escapar à despromoção, para alívio de dirigentes, associados e simpatizantes. O ritual de final de época, contudo, repetia-se ano após ano. Muitas críticas e insatisfação, muita instabilidade, numa casa onde não havia muito pão e onde todos ciclicamente ralhavam sem ter especial razão. Ora, como nota a sabedoria popular, tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia por lá teria de ficar. Foi agora, com o Vitória relegado para o Campeonato de Portugal.

Servem estes os dois parágrafos iniciais para enquadrar e procurar antecipar o próximo triénio, se os dirigentes, associados, entre outros stakeholders do Vitória, não mudarem de vida.

O triunfo de Paulo Rodrigues não está ferido na sua legalidade ou legitimidade, obviamente. Importa, no entanto, ter perfeita noção de que foi por margem escassa que se impôs. Num clube tradicionalmente instável, mergulhado numa crise profunda, manda o bom senso que o seu novo presidente tenha redobrada percepção da importância de ser inclusivo e envolvente, interna e externamente.

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Paulo Rodrigues (e os associados do clube) têm dois caminhos pela frente. O primeiro é voltarem a esgotar-se em guerras internas e externas, incapazes de cooperar entre si e com os restantes clubes. Esta foi a fórmula do passado, cujos resultados não foram brilhantes.

A outra opção impõe que se rompa com esta cultura. Exige que se celebre um pacto de estabilidade. Obriga a que se opte por uma estratégia cooperativa e inclusiva, interna e externamente. Tudo isto com o intuito de dar tempo ao Vitória para respirar e procurar sair do poço em que mergulhou.

Repito o que já aqui disse num outro artigo. O VFC é o porta-aviões do futebol no distrito. Um Vitória fraco não serve os interesses de ninguém, até porque a sua fraqueza é a fraqueza de todos por efeito de contágio. Pelo contrário, um Vitória forte a todos beneficiará por arrasto. E já vai sendo altura de todos, dentro e fora do VFC, perceberem que é pela via da concertação de esforços que todos terão alguma coisa a ganhar.

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Se Paulo Rodrigues revelar a sabedoria, vontade e capacidade para romper com o passado, o seu mandato talvez possa ser o início de qualquer coisa. De outro modo, será mais do mesmo.

 

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