28 Março 2024, Quinta-feira
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O alerta

O resultado das eleições presidenciais de 24 de janeiro trouxe-nos, ao contrário do que muitas vezes foi vaticinado, a confirmação de que Portugal nunca esteve imune à tendência internacional de crescimento da extrema-direita.

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Apesar de não ter vencido em nenhum distrito, nem tão pouco em nenhum concelho, a percentagem de portugueses que escolheram votar num projeto político que se materializa através da desinformação, do ressentimento e da mesquinhez deixa-nos um alerta, útil quando ainda vamos a tempo de evitar males maiores.

Este não é um problema conjuntural, da Esquerda ou da Direita: é um problema de todos os democratas e de todos aqueles que defendem a ordem liberal, que tem assegurado os maiores níveis de desenvolvimento, proteção social e de bem-estar que a humanidade já conheceu.

Infelizmente, com a atual Direita democrática portuguesa já sabemos com o que contamos. Em vez de combater os populistas da extrema-direita antidemocrática com a força das ideias, honrando a sua história e o seu legado na construção do Portugal democrático, não tem tido nenhum problema em normalizá-los, já que interiorizou a narrativa de que sem eles estará irremediavelmente arredada do poder. A consequência dessa resignação, e da deserção deste combate, será a autorrealização dessa profecia.

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É por isso à Esquerda portuguesa que cabe o papel determinante, e mais empenhado, no combate pela Democracia, no qual há dois pontos a ter em conta.

O primeiro é que as pequenas divisões, os pequenos taticismo e os pequenos interesses partidários que se materializam, por exemplo, em chumbos a Orçamentos do Estado na fase mais crítica da vida do nosso país em décadas, dão força a quem vive do ódio e da divisão, retirando o foco do combate essencial, pelo futuro de Portugal.

O segundo é que é evidente que os locais onde a extrema-direita teve melhores resultados são aqueles onde as populações sentem, genericamente, que os poderes públicos não estão a dar resposta aos seus problemas.

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Como os resultados eleitorais em determinados pontos do nosso distrito demonstram, a este voto de protesto estão intimamente ligadas as carências sociais que ainda subsistem, os problemas no acesso à saúde ou à educação, a necessidade de maior ambição no combate à pobreza e à precariedade laboral ou a vida adiada das mais jovens gerações, condenadas a viver pior do que os seus pais.

Podemos, e devemos, denunciar as mentiras e contradições daqueles que exploram os medos mais primários dos indivíduos, alimentando o seu desejo de poder através do descontentamento ou da desilusão de quem se sente um “perdedor do sistema”.

Podemos, e devemos, demonstrar que – tal como a história nos ensina – com projetos desta natureza nunca os setores mais vulneráveis da sociedade viram a sua condição de vida ser melhorada e que foram sempre estes os mais prejudicados pela desagregação social provocada pelas suas políticas.

Podemos, e devemos, explicar que a existência de oportunidades para uma vida melhor depende mais de uma eficaz regulação e de uma mais eficiente redistribuição da riqueza, do que dos apoios que o Estado confere àqueles que ainda estão numa situação mais frágil ou da integração de quem procura o nosso país para, precisamente, ter uma vida melhor.
Mas, fundamentalmente, e é esse o maior desafio de quem faz Política, temos a obrigação de ouvir e ir ao encontro dos justos anseios destas populações, resolver os problemas estruturais que ainda subsistem, lutar contra a injustiça, as desigualdades e a miséria que conduzem à desesperança – a maior inimiga da Democracia.

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