27 Abril 2024, Sábado
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‘Portela + BA6’ atingirá saturação em 2035

Carlos Matias Ramos, antigo presidente do LNEC e ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros, é peremptório: daqui por cerca de 18 anos será necessária outra solução. Construção faseada no Campo de Tiro de Alcochete é a única hipótese

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Se o aeroporto for construído na Base Aérea n.º 6, em 2035 o Governo terá de arranjar nova alternativa porque a denominada solução ‘Portela +1’ atingirá a saturação em termos de capacidade.

Esta foi uma das ideias-chave defendidas no debate sobre a localização do novo aeroporto na BA6 (Sim ou Não era a questão) promovido, na última sexta-feira, pela Junta de Freguesia do Samouco, que juntou representantes de PCP, PEV, BE e “Plataforma Cívica Aeroporto BA6-Montijo Não” (ver caixa em baixo).

“Tenho 50 anos de engenharia, mas nunca vi uma coisa assim”, disse Carlos Matias Ramos, antigo presidente do LNEC (2005-2010) e ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros (2010-2016), em representação da plataforma cívica, referindo-se à solução Portela + Montijo que, advoga, “não tem futuro”. A opção por uma solução aeroportuária complementar a Lisboa na BA6 tem prazo de longevidade muito curto.

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“Satura em 2035. [A partir daí] teremos de partir para uma solução Portela + 2”, observou Carlos Matias Ramos, com Joaquim Correia (PEV) a reforçar: “A BA6 é uma solução de remendo, é deitar dinheiro à rua.”

Mais: a opção pela BA6 “não apresenta qualquer vantagem em relação àquela que é a solução que melhor serve o interesse nacional” e que passa pela construção faseada do novo aeroporto internacional de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, localização que até conta com ‘luz verde’ em termos de avaliação ambiental, mas que foi abandonada “devido à entrada da Troika em Portugal”, lembrou Eduardo Vieira (PCP). Solução defendida pela plataforma cívica, bem como por PCP e PEV. O BE, revelou Cipriano Pisco, que representou o partido na iniciativa, “não tem ainda posição definida”, aguardando pelo resultado do estudo do impacto ambiental sobre a localização na BA6. Ainda assim, o bloquista do Montijo admitiu: “Se o aeroporto vier para aqui [BA6], nada será como dantes.”

Aeroporto na BA6 inviabiliza ponte Chelas-Barreiro

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Carlos Matias Ramos afirma que o País “tem gente e capacidades técnicas adequadas que estão a ser desprezadas” em todo este processo. E destacou o Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa que “previa o aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete e a nova ponte Chelas-Barreiro”, mas que acabou “metido na gaveta”.

A concretizar-se a opção pela BA6, afirmou, esta ponte – “que é fundamental para o desenvolvimento da região”, considera – será “inviável”.

No que toca a desvantagens sobre a localização da infra-estrutura na base militar, Eduardo Vieira resumiu: “Representa menos segurança, menos saúde para as populações, menos ambiente e menos emprego.”

Segundo o comunista, a construção na BA6 “é mais cara (cerca de 1400 milhões de euros) do que a 1.ª fase no Campo de Tiro de Alcochete (cerca 790 milhões de euros)”.

Porém, os custos da implantação do aeroporto na BA6 “ninguém os mostra”, salientou Carlos Matias Ramos, adiantando mais à frente: “Criou-se um mito tremendo, dizendo que já há uma pista na BA6 e que, assim, seria mais barato do que construir uma nova no Campo de Tiro.”

Ainda em termos financeiros, o ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros deixou uma questão: “Os custos da impermeabilização do aquífero na BA6 foram contemplados? No estudo do Campo de Tiro foram.”

O impacto ambiental – depois de conhecido o mais recente desenvolvimento do estudo da Profico – também foi abordado. Carlos Matias Ramos realçou a questão da poluição sonora, que afectará mais “a Baixa da Banheira, o Lavradio, o Vale da Amoreira e o Barreiro”. De acordo com o ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros “cerca de 30 mil pessoas serão afectadas pelo ruído” dos aviões. Se a localização for no Campo de Tiro de Alcochete, o número baixa drasticamente: “As pessoas afectadas poderiam contar-se pelos dedos de duas mãos.”

Pedro Ferreira, presidente da Junta, encerrou o debate, que foi aberto a questões da plateia, mostrando-se satisfeito, por um lado, e preocupado, por outro. “Hoje saio deste debate, como todos, mais rico, mais conhecedor, mas como autarca saio mais preocupado”, concluiu.

PS, PSD, CDS e ANA ‘fogem’ ao debate

A Junta de Freguesia do Samouco endereçou convites aos grupos parlamentares, mas apenas PCP, PEV e BE fizeram-se representar no debate moderado pelo jornalista Carlos Andrade. “Fugiram” à discussão PS e CDS-PP, bem como PSD, cuja deputada Maria das Mercês Borges cancelou à última hora a presença que já havia confirmado. A assistência que encheu por completo o salão nobre da Junta ficou também privada de poder ouvir um representante da ANA Aeroportos, que declinou o convite.

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