16 Abril 2024, Terça-feira
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Nuno Gama: “O meu sangue fervilha frente à magnitude da beleza da ‘minha’ Arrábida”

Estilista de Azeitão apresentou a colecção Outono-Inverno 2021 com uma homenagem à região onde cresceu

O estilista Nuno Gama, natural de Azeitão, levou a Arrábida e o Sado à ModaLisboa. A colecção, com 79 modelos, surgiu como um “alerta climático”.

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Porquê uma colecção sobre o Sado?

Numa altura de alerta climático, neste desafio único de mudança comportamental e de avaliação com a qualidade do que vamos deixar de herança aos nossos descendentes, é a denuncia, como reacção óbvia ao crime ambiental que está a ser cometido ao ‘meu’ rio Sado e à Arrábida, que me viu nascer, crescer e onde aprendi a viver em harmonia com todos os seres vivos do planeta. Percebendo desde cedo que a Terra não nos pertence, que somos apenas os seus eternos zeladores, abençoados pela generosidade da sua natureza e de uma beleza única. Agravado pela nossa responsabilidade nas comemorações dos 500 anos da circum-navegação Fernão de Magalhães. A cor do ano é o azul, igual ao que trago gravado no coração desde pequenino, a correr descalço na Arrábida, às gargalhadas.

A ideia surgiu por causa dos projectos no rio?

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Com o alerta da crise climática, não sei se temos muito mais tempo para que não tenhamos todos de ter uma abordagem ambiental, urgente nas nossas vidas. Não estou à espera de nada nem ninguém e sem mais demoras ou desculpas, mudei radicalmente os meus hábitos de vida. O importante para mim é que a minha “religião” acredita no eterno desejo de imaginar o sorriso dos meus sobrinhos, dos meus sobrinhos netos, dos meus afilhados, dos filhos dos meus amigos e dos filhos de todos os filhos com filhos de todas as cores e sabores a iluminarem o céu da imortalidade da nossa consciência.

Acha que o Sado tem sido respeitado?

O tio Sebastião escreveu “Tens muito que fazer /Tenho muito que amar”. Que o respeito de cada um de nós saiba onde é que começa o seu Sado.

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Qual é o conceito da colecção?

Uma nova atitude de amor e harmonia por todas as coisas, que em termos de vestuário se concretiza numa cultura urbana, mais descontraída e livre no corpo.

Que cores, ideias e formas mostra?

Uma colecção Azul Sado/Arrábida, baseada no azul clássico Pantone 19-4052, desdobrado em múltiplos jogos de justaposição, das regras de vestuário de toda a vida, por entre conceitos que vão desde o militar/regimental, às referências ao mundo do trabalho, evidenciados pela diferença da eterna elegância de casacos impecáveis, maravilhosamente bem forrados e abotoados, desdobrados em metros de excelentes tecidos, detalhes e acabamentos.
Tudo isto animado por ritmadas harmonias ou contrastes de volumes, que surpreendem de forma descontraída e levam de volta a uma memória feliz de infância.

Qual a influência de Setúbal nos seus trabalhos?

Tudo em mim não me pertence, porque é feito de todos os que a vida trouxe e que, de certeza, me ensinaram o que é a memória. Vá onde for, o meu sangue será sempre o mesmo e fervilha, abismado frente à magnitude da beleza da “minha” Arrábida. É daqui que vejo, é daqui que amo e faço. Posto isto é só saber, tranquilamente, esperar, onde a vida tem de levar.

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