24 Abril 2024, Quarta-feira
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Livro sobre a história do bairro de Troino lançado esta sexta-feira na Mercearia Confiança

“O Bairro de Troino – Contributos para a sua história” vai ser divulgado no Largo da Fonte Nova, onde vai discursar a presidente da autarquia

 

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O livro “O Bairro de Troino – Contributos para a sua história”, dos autores Diogo Ferreira e João Pedro Santos em colaboração com Eduardo Silva, vai ser apresentado pelo historiador e investigador Albérico Afonso Costa na Mercearia Confiança do Troino, no Largo da Fonte Nova, pelas 18h00, onde vai também discursar a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira. O evento acontece na mercearia onde César Figueiredo da Silva – pai de Eduardo Silva e autor do projecto – trabalhou desde 1926, depois de ter migrado para Setúbal com mais três irmãos. O filho recuperou mais tarde o espaço com os equipamentos originais e reabriu-o ao público em 2015 como sala de visitas pedagógicas, em protocolo com a autarquia.

A obra contribui para a compreensão da história do bairro de Troino desde os seus primórdios, como arrabalde (terreno para lá das muralhas medievais) nos séculos XIII a XV, e até cerca de 1950. Nesse intervalo de tempo, o aglomerado populacional foi crescendo e passou de “marginalizado”, por estar fora das muralhas, a um “microcosmos urbano” onde várias classes sociais se cruzavam. “O arrabalde começou a receber pessoas desde a época tardo-medieval e com ocupações ligadas ao mar”, explica Diogo Ferreira, um dos autores. “As pessoas viviam na praia, em palhotas, e o bairro teve uma vivência complicada. Foi o dinamismo que o espaço começou a ter com os pescadores, oficinas e construção navais que fez com o que o Troino fosse incluído na muralha seiscentista”, diz.

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Habitado pelas classes populares de Setúbal, o Troino foi também cenário de destruição aquando do terramoto de 11 de novembro de 1858, que vitimou seis setubalenses, e de uma epidemia de tifo que se alastrou pela freguesia da Anunciada por causa das más condições de habitação. Do ponto de vista urbanístico, tudo o que conhece hoje é posterior à data desse sismo. “A partir da dimensão urbanística tratámos a dimensão social, nomeadamente as profissões populares para perceber quem são os moradores do bairro”, completa João Pedro Santos. Nesse capítulo são abordados, com efeito, as profissões dos residentes, as gentes ligadas ao mar, o operariado da indústria conserveira, os calafates e carpinteiros navais, os pequenos comerciantes e a festa de Nossa Senhora da Arrábida.

João Pedro Santos
Diogo Ferreira

 

“O Bairro de Troino – Contributos para a sua história” versa também sobre os episódios da resistência no bairro, como as greves e fuzilamentos de 1911 que vitimaram a operária Mariana Torres, o revolucionário Jaime Rebelo e um conjunto de anónimos opositores que foram presos pela PIDE, e que surgem homenageados nas páginas com os respectivos registos. Já no capítulo sobre o património arquitectónico são elencados cerca de 20 monumentos e edifícios cuja história se funde com a do bairro de Troino, com textos e imagens nunca publicadas. Eduardo Silva assina o suplemento memorialístico “Nascer, sentir e olhar o Bairro de Troino até ao século XXI”, que enquadra todo o projecto.

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“A história deste bairro confunde-se com a da cidade”, sintetiza Diogo Ferreira, licenciado em História Contemporânea pela FCSH-UNL e investigador no Instituto de História Contemporânea pela mesma instituição. Por sua vez, João Pedro Santos é licenciado em Ciência Política pelo ISCTE, mestre em História Contemporânea pela FCSH-UNL e investigador do Instituto de História Contemporânea, tendo várias obras publicadas sobre temáticas de Setúbal. Além da riqueza historiográfica, o livro conta com um vasto leque de imagens, parte delas cedidas por António Cunha Bento, da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão. O livro tem a chancela da LASA e do Estuário História e design da DDlx. A capa é uma iconografia de 1889 que mostra a muralha medieval vista da Avenida 22 de Dezembro, onde corria a ribeira do Livramento que dividia a cidade.

 

André Rosa
Jornalista
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