26 Abril 2024, Sexta-feira
- PUB -
InícioLocalSeixalAcção popular contra a Siderurgia Nacional no Seixal admitida pelo Tribunal de...

Acção popular contra a Siderurgia Nacional no Seixal admitida pelo Tribunal de Almada

Associação da Terra da Morte Lenta pede suspensão imediata da actividade e indemnização de 500 milhões de euros para um fundo destinado a melhorar qualidade do ar

A acção popular cível contra a Siderurgia Nacional do Seixal, devido à poluição atmosférica alegadamente causada por esta indústria, foi admitida para apreciação pelo Tribunal de Almada.

- PUB -

Um despacho da juíza Sónia Moura, a que a Lusa teve hoje acesso, informa que é admitida liminarmente a petição inicial apresentada pela Associação da Terra da Morte Lenta, e ordena que seja citado o réu, bem como as testemunhas indicadas pelos autores da acção popular.

O Ministério Público é também citado com vista à sua intervenção acessória na causa.

A Associação da Terra da Morte Lenta entregou a 07 de Fevereiro uma acção popular cível contra a Siderurgia Nacional do Seixal, devido à poluição atmosférica alegadamente causada por esta indústria, informou na altura um membro da organização.

- PUB -

“Demos entrada ontem [quarta-feira] com uma acção popular cível nos tribunais comuns contra a Siderurgia Nacional no Seixal em que pedimos, além da suspensão imediata da actividade até ver resolvida as questões básicas e administrativas em causa, também o valor de 500 milhões de euros”, adiantou à agência Lusa Fabiana Pereira, da SPASS, uma sociedade de advogados que fundou a associação.

De acordo com a advogada, o valor pedido tem em conta o número de habitantes nesta zona, “cerca de 100 mil pessoas” e destina-se a um fundo que será explorado por entidades, como a Câmara do Seixal, o Instituto Ricardo Jorge, ou Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), com o objectivo de “melhorar a qualidade do ar”.

Segundo Fabiana Pereira, a acção entregue cita “mais de 50 entidades que estão ao redor da Siderurgia e que podem ser prejudicadas pela sua actividade”, como as câmaras do Seixal, Almada e Barreiro, sindicatos de várias entidades e até o Benfica, visto que o centro de estágios se localiza a poucos metros da unidade industrial.

- PUB -

Além disso, solicita que sejam consideradas todas as provas em investigação, como a recolha feita em Paio Pires pela brigada ambiental da GNR, o estudo epidemiológico, a Carta da Qualidade do Ar e inclusive, opiniões médicas.

Apesar de a Associação da Terra da Morte Lenta ter sido constituída há apenas três dias, o grupo de advogados que a fundou reside na localidade, vive com as poeiras brancas e escuras, e face à “inércia” das entidades nacionais, já tinha entregue uma petição à Comissão Europeia para acabar com a poluição, em 2017.

Fabiana Pereira adiantou ainda à Lusa que o próximo passo é intentar uma acção cível contra a Siderurgia Nacional da Maia, no Porto, que apresenta os mesmos problemas ambientais.

Na Aldeia de Paio Pires, os carros e edifícios têm estado cobertos de um pó branco, tendo ultrapassado durante 13 dias em Janeiro o valor-limite de partículas inaláveis, segundo a associação ambientalista Zero.

Contudo, desde 2014 que se verifica um pó preto, também proveniente desta indústria, de acordo com a Câmara do Seixal.

Em 29 de Janeiro, o jornal Público noticiou que o Ministério Público está a investigar as amostras de pó branco e poluição, recolhidas em 19 de Janeiro pela GNR, as quais foram encaminhadas para a APA.

A Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGMAOT) adiantou que a empresa foi notificada para o cumprimento das condições da licença ambiental “no prazo de 60 dias”.

A 15 de Fevereiro, o director de relações institucionais da Siderurgia Nacional (SN-Seixal) afirmou que não ocorreu nada de “anormal” no processo produtivo da empresa que justifique as poeiras negras e brancas na Aldeia de Paio Pires, no Seixal.

“Nós não tivemos nada de anormal e invulgar no nosso processo produtivo que justifique a ocorrência e somos os primeiros interessados em saber o que se passa. O que podemos dizer é que todo o processo é tomado com todo o cuidado, utilizamos canhões desmobilizadores e aspersores”, garantiu Luís Morais.

O responsável falava aos jornalistas após a visita da comissão parlamentar de ambiente às instalações da SN-Seixal, detida pelo grupo espanhol Megasa, que tem sido acusada pelos moradores, autarquia e associações de poluir Paio Pires.

Lusa

- PUB -

Mais populares

Cavalos soltam-se e provocam a morte de participante na Romaria entre Moita e Viana do Alentejo [corrigida]

Vítima ainda foi transportada no helicóptero do INEM, mas acabou por não resistir aos ferimentos sofridos na cabeça

Árvore da Liberdade nasce no Largo José Afonso para evocar 50 anos de Abril

Peça de Ricardo Crista tem tronco de aço corten, seis metros de altura e cerca de uma tonelada e meia de peso

Homem de 48 anos morre enquanto trabalhava em Praias do Sado

Trabalhador da Transgrua estava a reparar um telhado na empresa Ascenzo Agro quando caiu de uma altura de 12 metros
- PUB -