16 Abril 2024, Terça-feira
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Dupla recorria a setubalenses sem recursos para lavar dinheiro

Suecos Michel M., de 38 anos, e Malicka N., de 28, estão acusados de burla, branqueamento e acesso indevido. Há seis arguidos de Setúbal acusados de receptação

 

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Um casal sueco responde no Tribunal de Setúbal acusado de burlar em 1,7 milhões de euros empresas internacionais a partir de um computador que tinham em casa, em Setúbal, no Bairro do Viso. No esquema desmantelado há um ano pela PJ de Setúbal, o casal utilizou as contas de setubalenses, muitos sem recursos, para fazer passar o dinheiro.

A investigação acredita que o fizeram quando deixaram de ter acesso às contas que abriram em vários bancos setubalenses, entretanto congeladas. Uma trabalhadora num café, uma jovem desempregada que cuida do filho em casa, um canalizador ou um pintor, todos com baixa escolaridade, foram os escolhidos pelo casal sueco para continuar com o esquema que lesou cerca de 20 empresas internacionais. Ao todo, os oito arguidos que cediam as suas contas para receber o dinheiro respondem pelo crime de recetação, enquanto Michel M., de 38 anos, e Malicka N., de 28, estão acusados de burla, branqueamento e acesso indevido.

O método utilizado para a burla era feito através do computador de casa, nas Colinas do Cruzeiro. O casal acedia a caixas de correio eletrónico de empresas de todo o mundo vítimas do chamado “phishing” eletrónico.

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Estas eram contatadas através de e-mails fraudulentos e cediam sem saber os seus dados. Com as informações comerciais, o casal conseguia identificar empresas e pessoas devedoras e fazia-se passar pela empresa credora a reclamar os valores em dívida. Nessa comunicação à empresa devedora, eram dados números de contas bancárias que tinham em seu poder, seja em dependências bancárias setubalenses seja através das chamadas “mulas financeiras”.

Assim que tinham o dinheiro, gastavam-no ou transferiam para outras contas. Numa só vez, após receberem uma transferência ilícita de cerca de cem mil euros, dirigiram-se ao Casino de Tróia e pagaram cinquenta mil euros em ficha de jogo.

Durante as alegações iniciais no Tribunal de Setúbal, Michel M. negou a autoria da burla e disse ter sido enganado por dois amigos, Edward e Lucas, que lhe pediram para abrir contas em Portugal para facilitar negócios no imobiliário. “Só percebi o que estava em causa quando fui detido”.

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O sueco de 38 anos contou aos juízes que como contrapartida recebia uma percentagem do dinheiro que passava nas contas bancárias, mas garantiu nunca ter questionado a real proveniência do dinheiro. “Nessa altura tinha um grande vício por cocaína e este dinheiro servia em grande parte para comprar droga”.

O homem afastou qualquer responsabilidade do crime praticado pela sua companheira, Malicka N., que deixou um emprego numa loja de roupa em Estocolmo para viver em Setúbal a partir de maio de 2017. Em tribunal, a sueca de 28 anos assumiu ter aberto contas em bancos setubalenses a pedido de Michel, mas nunca as utilizou nem fez perguntas devido à confiança cega que tinha no companheiro.

O advogado do casal, Lopes Guerreiro, considerou que o MP não tem qualquer prova que permita concluir que os crimes foram cometidos pelo casal, nem em casa, nem em Setúbal. “Não há uma única prova que permita chegar a essa conclusão, nem as próprias análises feitas ao computador do Michel mostram isso”, avança.

A primeira empresa lesada identificada pela investigação é romena, dedicada ao fabrico de cortinados e que devia 64 mil euros a uma fábrica chinesa, e foi vítima de phishing pelo casal. Maria Iancu, representante da empresa, conta que a burla prejudicou a empresa que teve que recorrer à banca para pagar a dívida. “Este dinheiro ia servir para aumentar a produção, criando mais postos de trabalho”. A representante tentou junto do tribunal que a verba fosse já devolvida à empresa, visto que se encontra congelada à ordem das autoridades, mas sem sucesso.

 

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