20 Abril 2024, Sábado
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Professora do Liceu Nacional de Setúbal recordada com saudade

Morreu Maria Auzenda Paulino Pereira. Professora que acompanhou gerações de setubalenses no Liceu Nacional de Setúbal, onde leccionou durante largas décadas a disciplina de Francês, segundo palavras da sua antiga aluna Hélida Carvalho Santos.

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Em homenagem pública, a aluna recorda a mestra de forma carinhosa, num episódio que marcou a sua juventude.

“Situo-me no 2º ano do liceu, disciplina de Francês. Uma turma razoavelmente disciplinada, com duas excepções: eu e a minha inseparável amiga Anabela Reis. Embora excessivamente irrequietas, não tínhamos problemas de convivência com nenhuma colega da turma, que era a mesma do 1º ano, antes pelo contrário, que o diga a nossa querida Isabel Frescata Montargil”.

Hélida recorda o dia em que, com a ajuda de Anabela, decidiu encher o caderno de Francês de uma colega “com palavrões”.

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Tocava para a aula de Francês. A professora Auzenda entra na sala com a sua simpatia sempre estampada no rosto sorridente e dirige-se à secretária. Enquanto a turma tirava os cadernos da disciplina, a aluna a quem Hélida e Anabela haviam feito a partida começa a chorar e mostra o caderno à professora.

“A Drª Auzenda vem junto dela, olha o caderno, folheia e reflecte no rosto a sua indignação. Situa-se a meio do estrado, vira-se para a turma e diz, de forma veemente. Quem fez isto? Quem escreveu estes palavrões? Quem foram as meninas malcriadas que sujaram o caderno da colega? Isto foi muitíssimo feio. Vá, vamos lá a confessar quem foi. Silêncio geral”.

As colegas entreolhavam-se, estupefactas, sem saberem de onde tinha partido a infracção e passado um largo tempo a paciente professora Auzenda voltou a exigir que as culpadas se denunciassem.

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“Se ninguém se acusa, eu vou investigar. Irei percorrer toda a sala e, de aluna em aluna, irei comparar as letras e vou encontrar as culpadas”, recorda Hélida.

Em silêncio, a professora começou a tarefa de comparar letras. Quando chegou junto a Hélida agarrou o seu caderno e colocando-o ao lado do “acidentado”, olhou a aluna nos olhos.

No final da revista pela sala, guardou o caderno na sua pasta e encarou frontalmente a turma. “Revistei todas as letras e, para não cometer qualquer injustiça, prefiro não acusar ninguém. Julgo que quem prevaricou o saberá, em consciência, e tenho a certeza que, neste momento, já estão arrependidas. Julgo que nunca mais irão repetir semelhante acção e que este período em que comparei as letras já foi suficiente, porque os castigos têm muitas formas de ser aplicados. A maior condenação está dentro de vocês”.

Um dos muitos momentos que acompanharam os alunos da professora Auzenda e que os leva a recordar a sua mestra pelas lições de carácter e tolerância, que ainda hoje guiam as suas vidas.

Na recordação e homenagem à sua estimada professora, Hélida Carvalho Santos despede-se com a certeza de que Maria Auzenda Paulino Pereira “partiu com a sua nobre missão cumprida, deixando no coração das suas centenas de alunos, gratidão, instrução e muita saudade”.

À família, colegas de ensino e alunos, O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO apresenta a suas sentidas condolências.

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