Pelo menos meia centena de setubalenses devem deslocar-se esta quinta-feira à Assembleia de República para a assistirem à discussão de projetos de resolução para a suspensão das dragagens no estuário do Sado, revelou hoje a associação SOS Sado.
“Há um autocarro que parte de Setúbal, da Rua Dr. António Manuel Gamito, perto do auditório Charlot, e que já está completo, caso compareçam todas as pessoas inscritas”, disse à agência Lusa o porta-voz da associação, David Nascimento, lembrando que esta quinta-feira à tarde sobem a plenário quatro projectos de resolução para a suspensão das dragagens no estuário do Sado do PEV, BE, PAN e PSD.
“Há outras pessoas de Setúbal que também prometem marcar presença na Assembleia da República e que deverão deslocar-se por meios próprios”, acrescentou o responsável da SOS Sado, adiantando que algumas associações de Lisboa, como a Academia Cidadã e a SOS Animal, também prometem juntar-se aos contestatários das dragagens.
O projecto de melhoria das acessibilidades marítimas ao porto de Setúbal prevê a retirada de 6,5 milhões de metros cúbicos de areia do estuário do Sado em duas fases, a primeira das quais, para a retirada de 3,5 milhões de metros cúbicos de areia, já adjudicada pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e em fase de execução desde quinta-feira da semana passada.
Questionada pela agência Lusa, a APSS confirma que a segunda fase das dragagens foi excluída ainda em 2017, mas os contestatários das dragagens desvalorizam esta informação e lembram que a Declaração de Impacte Ambiental contempla as duas fases do projecto e que a administração portuária pode lançar novo concurso público para a realização da segunda fase, uma vez que essas obras já estão licenciadas.
Por resolver continua ainda o problema da deposição de uma parte dos dragados na denominada zona da Restinga, que tem a oposição das organizações de pescadores de Setúbal por se tratar de uma zona de pesca e considerada de grande importância para a reprodução de várias espécies.
Na sexta-feira da semana passada, durante uma visita ao estuário do Sado, a bióloga Raquel Gaspar, fundadora da Ocean Alive, fez um apelo emocionado a todo o país para que não permita a destruição do ecossistema e da comunidade de golfinhos residentes no estuário do Sado.
“Nós não podemos permitir que este estuário seja destruído. Este estuário é uma maternidade e uma das zonas mais belas e mais simbólicas da vida selvagem no nosso país”, disse Raquel Gaspar. Lusa