Investimento municipal na nova rede de transportes públicos rodoviários e passes Navegante. Há municípios que vão pagar mais, mas o Montijo, ao despender 1,3 milhões de euros por ano, é o que vai suportar o fardo maior, na relação entre a dimensão do concelho e o orçamento municipal
Montijo é o município de toda a Área Metropolitana de Lisboa que vai realizar o maior esforço financeiro na implementação da nova rede de transportes públicos rodoviários – que engloba ainda os passes Navegante –, tendo em conta a relação proporcional entre a dimensão do concelho e o Orçamento Municipal (mais pequeno) que apresenta.
Quem o diz é o vereador Ricardo Bernardes, vereador responsável pelo pelouro dos Transportes Públicos, que, na reunião de câmara do passado dia 19, salientou que o município montijense irá suportar um investimento na ordem dos 1,3 milhões de euros por ano na referida operação. “Uma prova da prioridade que damos à mobilidade dos cidadãos do nosso concelho”, frisou o autarca.
A declaração do autarca foi feita no dia seguinte ao da cerimónia de apresentação do concurso de aquisição do serviço de transporte rodoviário de passageiros na AML, realizada no Centro Cultural Belém.
“O concurso é o maior da história da contratação pública portuguesa, revestindo a modalidade de concurso público internacional divido por quatro lotes de delimitação geográfica, correspondendo o concelho do Montijo ao lote 4 – Sudeste. O contrato a celebrar será, não uma concessão, mas uma prestação de serviço em regime de ‘gross cost’, em que serão pagos os quilómetros percorridos de acordo com a fórmula contida no programa do concurso”, explicou Ricardo Bernardes.
No cômputo global, adiantou, a nova rede de transportes públicos rodoviários “contará com mais 40% de serviço, face à rede actual, e mais 26,8 mil quilómetros percorridos por ano”. Além do aumento da oferta – e já com os passes Navegante que vieram reduzir substancialmente os custos dos utentes –, o concurso representa uma revolução na mobilidade rodoviária na AML, já que prevê a adopção de várias medidas.
Melhores autocarros, mais condições
“A modernização tecnológica” é uma das medidas e permitirá, por exemplo, dar a conhecer aos utentes nas paragens o real tempo de espera em relação a todas as carreiras. Mais importante será a renovação da frota de autocarros. Uma das exigências do concurso contempla “o limite máximo de oito anos de idade média dos veículos (não podendo nenhum, em concreto, ter mais de 16) nos primeiros quatro anos de execução, e de seis (não podendo nenhum, em concreto, ter mais de 12) no 5.º, 6.º e 7.º anos”, revelou.
O serviço, conforme lembrou o vereador, “será assegurado sob uma marca única, a Carris Metropolitana”. Ricardo Bernardes aproveitou ainda a oportunidade para criticar o posicionamento do vereador do PSD eleito em coligação ccm o CDS-PP, João Afonso.
“Trata-se de um projecto global só possível pelos ganhos de escala que se obtêm com o planeamento ao nível metropolitano, desdobrando-se, do passe à rede, em inúmeros instrumentos jurídicos municipais – orçamentos municipais, contratos interadministrativos de delegação de competências, entre outros – em que, infelizmente, não fomos acompanhados do voto favorável do PSD e do CDS, partidos que pretendem, frequentemente, erigir-se em arautos da melhoria dos transportes públicos”, atirou, a concluir.
