29 Março 2024, Sexta-feira
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“A Festa das Vindimas é a maior montra de promoção de Palmela a todos os níveis”

Para o presidente da Associação das Festas, o evento deste ano será, “apesar das limitações, um sucesso”, com um “programa adaptado à actual situação vivida no país”

 

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Eleito em Junho de 2020 como o novo presidente da direcção da Associação das Festas de Palmela – Festa das Vindimas, André Cabica tomou posse num ano atípico, devido à propagação da Covid-19. Apesar de todos os desafios, considerou, em conjunto com os restantes membros da associação, que não deveria deixar de assinalar a data, por esta ser “a festa do género mais antiga em Portugal” e por considerar que tem “uma responsabilidade perante os sócios, a comunidade de Palmela e o contexto socioeconómico relacionado com os produtores”. O programa foi, então, “adaptado ao permitido legalmente”, sendo este “o projecto Vindimas 2020 e não a edição 58.º da Festa das Vindimas”.

Como surgiu o seu contacto com a Festa das Vindimas?

Considero-me palmelão de gema. Apesar de ter nascido em Setúbal, fui criado em Palmela e, apesar de actualmente não viver na vila, mantenho uma relação de afecto muito grande com o local, com as suas festas e com todas as actividades que nele são desenvolvidas. Para além disso, estive também durante muitos anos ligado ao movimento associativo do concelho, o que faz com que se desperte sempre algum interesse pelo que acontece a nível de actividades na comunidade.

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Como foi organizar esta festividade pela primeira vez enquanto presidente da direcção num ano tão atípico?

Eu e a maioria dos colegas que integram actualmente a associação temos vindo a trabalhar para a Festa das Vindimas nos últimos quatro anos. Portanto, a maioria de nós integrou, também, as duas últimas direcções. Este ano o desafio acabou por ser ainda mais acrescido face à actual situação que se vive no país, mas consideramos que o evento será, dentro das limitações, um sucesso. Por si só, a reinvenção da festa nestas circunstâncias já é um sucesso.

Para si, o que trazem estas festas a Palmela?

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Eu considero, e, se calhar, arrisco-me mesmo a dizer, que a Festa das Vindimas é a maior montra de promoção de Palmela a todos os níveis, tanto pela sua marca, pelo seu território e pelas suas actividades. Acho que é um dos principais eventos desenvolvidos na vila, sem menosprezar os outros. Para mim, a Festa das Vindimas, pela sua abrangência e pela quantidade de pessoas que mobiliza anualmente, há-de ser seguramente um dos maiores eventos promocionais do concelho.

O programa deste ano acontece de uma forma diferente. Que momentos tentaram manter comparativamente às anteriores edições?

Nós, em primeiro lugar, fizemos uma análise da maioria das actividades que normalmente acontecem na Festa das Vindimas. Esta é a festa do género mais antiga de Portugal e tem com ela associada uma série de iniciativas muito características. Por exemplo, o dia da inauguração é um momento muito simbólico, assim como o é a gala de eleição da Rainha das Vindimas, a pisa da uva e a bênção do primeiro mosto e o cortejo alegórico. Até há alguns anos o fogo de artifício também o era, momento que acabou por deixar de acontecer. Estas são as principais actividades que nós, de alguma forma, quisemos recriar. A eleição da rainha não existirá, da mesma forma que não existirá a Festa das Vindimas propriamente dita, mas decidimos organizar um talk-show em substituição. O dia da inauguração também não acontecerá, mas está agendada uma cerimónia de abertura. O único momento que se mantém igual é a pisa da uva, ainda que não presencialmente devido ao actual contexto. Não haverá o cortejo alegórico, mas fizemos questão de manter a componente cultural, sendo esta muito rica, assim como a componente desportiva, em que o programa abrange também algumas actividades. Vamos, então, ao longo do mês de Setembro, ter alguns concertos e algumas provas, ainda que adaptados.

Decidiram, então, distribuir a Festa das Vindimas pelos quatro fins-de-semana de Setembro. Como chegaram a este resultado?

A Festa das Vindimas é um evento que mobiliza cerca de 400 mil pessoas em apenas seis dias. Portanto houve uma condição, vincada desde o primeiro momento, que foi a não realização de actividades, eventos e festivais até ao dia 30 de Setembro. Por este motivo, a Festa das Vindimas não pôde ser organizada como habitualmente. Depois de a datarmos cronologicamente, poderia ser sinónimo de que iriamos estar a fugir àquilo que estava, e está, imposto como medida preventiva. Não quisemos essa imagem, e não queremos, de todo, que se aglomerem muitas pessoas no decorrer destes dias, e, por isso, decidimos espaçar no tempo as nossas actividades.

Mesmo a nível da edição, esta seria a número 58, mas também optámos por não celebrar e não manifestar que esta seria a comemoração da quinquagésima oitava edição da Festa das Vindimas. Pensámos, então, em realizar um projecto totalmente diferente e chegámos ao Vindimas 2020. Este não representa a habitual Festa das Vindimas e não é a comemoração da 58.ª edição. Essa será passada em claro este ano e será retomada em 2021. Decidimos, também, espaçá-la no tempo para obrigar as pessoas a terem mais oportunidades para escolher as actividades em que querem participar, de forma a evitar que elas se pudessem aglomerar nos seis habituais dias de festa, dias em que existe uma quantidade muito grande de actividades a decorrer.

Como foram escolhidas as actividades que compõem o programa deste ano?

As actividades mais tradicionais e as mais simbólicas tentámos adaptar. As actividades culturais foram escolhidas consoante o que nos foi permitido e com aquilo que estaria ao nosso alcance ser possível de ser realizado. Sabemos que podemos utilizar o Cineteatro São João, mas optámos por utilizar o Largo de São João. Em actividades exteriores estamos muito limitados. Teremos um espectáculo drive-in, que foi a forma que arranjámos de fazer com que as pessoas mantenham o devido distanciamento social mas que possam interagir entre si. Com base nestes critérios, sempre a pensar na salvaguarda da segurança das pessoas, tentámos adaptar as actividades ao que nos foi possível.

Não teria sido mais simples mandar a ‘toalha ao chão’?

Nós pensámos bastante e questionámo-nos muito de qual seria o melhor caminho a seguir. Enquanto associação consideramos que temos uma responsabilidade perante os sócios, a comunidade de Palmela e o contexto socioeconómico relacionado com os produtores. Achámos, então, que independentemente do contexto actual, poderíamos sempre adaptar as nossas acções. No fundo foi isso que fizemos. Ao mesmo tempo que tentámos salvaguardar a saúde das pessoas, tanto das que nos visitam como dos habitantes da vila, tentámos dar alguma esperança de que, de facto, é possível fazer alguma coisa. O que é importante é que a indústria prossiga com a sua actividade e que volte a retomar aos poucos a sua actividade normal.

Até ao momento qual a opinião que têm recebido da população em não terem deixado passar a data em vão?

Nós sabemos que vivemos numa altura difícil e, por esse motivo, as opiniões estão um bocadinho extremadas. Sabemos que há pessoas que estão do nosso lado, as mais bairristas, que realmente gostam da Festa das Vindimas e que percebem o que estamos a fazer. Numa fase inicial, quando começámos a planear o evento, surgiram algumas vozes contra, no fundo a contestar algumas intenções que ainda nem estavam manifestadas. As pessoas ainda nem sabiam o que é que iria acontecer e muitas delas optaram logo por lançar uma crítica. Mas, na minha opinião, com o passar do tempo, e com a forma como construímos o projecto e como temos vindo a comunicar, considero que as pessoas começaram a perceber que estamos a desenvolver actividades minimamente responsáveis.

O que sente a associação com este resultado?

Nós estamos felizes porque temos lançado as nossas actividades. Tem havido uma boa receptividade à maioria das iniciativas que estamos a promover, e temos, no fundo, percebido que o caminho que escolhemos tem sido o mais acertado.

Existiram outros planos para a Festa das Vindimas deste ano?

Outras possibilidades existiram, mas sempre condicionadas por vários factores, inclusive pelo factor orçamental. A este nível estamos condicionados porque a nossa maior fonte de receita acaba por ser a venda do espaço e isso não existirá. Ainda que tenham existido outras intenções, acabaram por se dissipar. Apesar de termos tido outras intenções, até a nível de espectáculos com nomes importantes, isso ficou desde logo condicionado porque queríamos evitar aglomerados de pessoas, pois sabíamos que seria uma situação complicada de controlar, e porque financeiramente também estávamos muito limitados, o que não nos possibilitou arriscar mais.

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