26 Abril 2024, Sexta-feira
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Conservatório de artes cresce e quer representar todo o Arco Ribeirinho

Ganhar escala é o objectivo para um projecto que pode abranger Montijo, Alcochete, Moita e Barreiro. Construção de instalações na agenda

 

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Abriu portas em 29 de Setembro de 2010 com 44 estudantes de música. Dez anos depois, o Conservatório Regional de Artes do Montijo (CRAM), que também serve Alcochete, já conta com mais de 400 alunos – ao ensino musical juntou-se o da dança – e prepara-se para ganhar escala.

Os dois principais objectivos para o futuro próximo estão definidos: a construção de instalações e a concretização da ideia inicial do projecto – constituir-se como Conservatório de Artes do Arco Ribeirinho Sul, que represente os concelhos de Montijo, Alcochete, Moita e Barreiro.

“Achamos, desde o primeiro momento, que este deve ser um projecto da região. Vamos continuar a sensibilizar os municípios”, diz Ilídio Massacote, director pedagógico do CRAM e músico profissional na Orquestra Sinfónica Portuguesa do Teatro Nacional São Carlos.
João Martins, presidente da Associação para a Formação Profissional e Desenvolvimento do Montijo (AFPDM), entidade titular do conservatório e da Escola Profissional do Montijo (EPM), complementa: “É a única ideia que me parece sustentável para um projecto desta natureza. Pelo cariz artístico que tem, é possível ser relativamente pacífica e capaz de promover nestas quatro comunidades um trabalho de equipa que só nos vai dar valor e força.”

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Ganhar dimensão é a chave, admite João Martins. “Será diferente termos cerca de dois mil alunos e quatro municípios a conversar com o Ministério da Educação.”

Mas para já, o “primeiro pilar de um novo ciclo” que se abre para o CRAM passa pela construção de novas instalações, apontam os dois responsáveis. “Talvez este seja o momento favorável. É muito provável que no próximo ano possa haver uma linha de crédito específica. Acredito que a nossa região vai ter maior acesso a financiamento no próximo Quadro Comunitário de Apoio para a construção de infra-estruturas e para o ensino artístico e tecnológico”, justifica João Martins. “Nos próximos quatro anos tem de estar construído o conservatório. Acho que esse é o período máximo razoável”, considera.

João Martins e Ilídio Massacote esperam que o CRAM tenha novas instalações em quatro anos

O segundo pilar passa então por avançar “urgentemente” com a ideia de conservatório do Arco Ribeirinho. “Aí teremos muito mais probabilidade de sucesso, consolidação e sustentabilidade”, defendem.

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Oito anos sem apoio mas sempre a somar prestígio

Actualmente, o CRAM tem “mais de 300 estudantes de música, desde o 1.° Ciclo (seis anos) até ao ensino secundário (17/18 anos), além de mais de uma centena de alunos de dança”, orientados por mais de “40 professores”, salienta Ilídio Massacote. Todavia, o caminho trilhado não foi fácil. “Arrancámos só com música. Com 44 alunos. E foi complicado, pois o CRAM esteve em autofinanciamento oito anos, até 2018, quando conseguiu o primeiro contrato de patrocínio com o Ministério da Educação.”

Hoje, além das centenas de alunos oriundos de “Barreiro, Seixal, Santo Estevão, Benavente, Samora Correia, Moita, Pinhal Novo, Montijo e Alcochete”, o CRAM tem ainda parcerias ao nível do pré-escolar. “Pelos números do ano passado tínhamos mais de 1400 alunos. Os professores do CRAM deslocam-se ao pré-escolar público e privado, tanto no concelho do Montijo como no de Alcochete, para leccionarem pré-iniciação musical e movimento criativo”, explica o director pedagógico. E adianta: “Com a Câmara de Alcochete já temos protocolado desde o ano passado a aprendizagem musical e oferta universal (curricular no período de aulas) e este ano iniciámos outra oferta, também com esta autarquia, de Componentes de Apoio à Família (CAF). Aí fazemos dança criativa com os alunos.”

A dinâmica do CRAM reflecte-se ainda na apresentação de um coro e de várias orquestras: a sinfónica; a de cordas; a de sopros e percussão; e as duas de iniciação (uma de cordas e outra de sopros) do 1.° ciclo. E o próximo passo será a criação de “uma orquestra semiprofissional, com os alunos mais evoluídos conjuntamente com professores e ex-alunos”. “Assim criamos um produto cultural de enorme relevância para a região e de marca”, avança Ilídio Massacote.

O balanço a uma década de vida “é mais do que positivo”, assinala João Martins. “A qualidade do que se tem feito e o número de alunos que se atinge é muito significativo para as duas comunidades: Montijo e Alcochete”, sustenta.

E o prestígio alcançado é mensurável quer pelos prémios conquistados por vários alunos em concursos nacionais e internacionais, em violino, guitarra, piano, quer pelos palcos por onde o CRAM tem passado. A participação no Festival ao Largo no Teatro Nacional São Carlos, há cinco anos consecutivos, ou o concerto realizado no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, são disso exemplo.

“Outro selo de qualidade é conseguirmos trazer ao Montijo, a colaborar com a nossa orquestra sinfónica, nomes como Luís Gomes, que já ganhou o concurso Operália, e Elisabete Matos, que já ganhou Grammys”, realça Ilídio Massacote. O Concurso Internacional Cidade do Montijo, em parceria com a autarquia, é outra referência. Nomes como Tobias Gossmann, Sanel Redžić e Stephan Uelpenich já fizeram parte do júri do evento.

Jovens, sonhos e prémios

Os alunos destacam o ambiente familiar que encontram no CRAM, mas também sabem que este é um dos caminhos de futuro, que permite não só desenvolver potenciais artísticos como também abrir portas para a concretização de sonhos.

As meninas do CRAM aperfeiçoam os movimentos na aula de dança

Ana Massacote, 17 anos, toca violino. O apelido diz tudo e remete para o velho provérbio: “filho de peixe sabe nadar”. A jovem estudante do 12.° ano de ciências e tecnologia até deixa que a ideia possa passar. Mas adverte que as suas opções não foram influenciadas pelo pai, Ilídio. Frequenta o CRAM desde a sua fundação e anseia tornar-se música profissional.

“Decidi há uns meses que quero seguir a música como profissão. Violinista”, admite. E o céu é o limite. “Quero ser bem sucedida. Chegar alto. Não pensei muito sobre isso, mas há sempre aquelas orquestras de topo, como Berlim, Viena, Paris ou Estados Unidos. É um sonho poder vir a ter qualidade para alcançar uma dessas”, confessa.

Tomás Carvalho, 14 anos, é dos vivaços. Despachado, atira: “Ainda estou no 9.° ano, mas quero ser arquitecto.” A música é uma paixão que vem desde “pequenininho”. Até porque, habitou-se a ouvir a mãe a tocar guitarra e o avô piano/orgão. “Mas eles nunca andaram num conservatório ou coisa do género”, atira. “Estou no conservatório porque gosto disto. É completamente diferente da escola. A música é mais uma opção que posso seguir”, vinca. Toca saxofone e conta sem timidez: “Custa para começar – sou muito preguiçoso – mas depois sou capaz de ficar duas horas ou mais a tocar ou a ouvir. Estou no ensino articulado. Isto é uma escola, tenho de ter notas aqui… isto não é apenas para me divertir. Não costumo estudar muito, mas ainda vou estudando e as notas até são boas.”

Leonor Santos, da mesma idade, estuda percussão há cinco anos. Ainda não sabe o que quer ser quando for grande. A música, tal como para Tomás, é “uma opção” em aberto. “Eu e a minha irmã sempre cantámos. Ela é que começou com a estória de irmos para uma escola de música. Fui um pouco atrás. Mas sempre quis tocar bateria”, revela. “O meu pai é guitarrista, aprendeu sozinho, é autodidacta. Vim para aprender a tocar bateria e acabei na percussão”. O tecto lá em casa não vem abaixo, garante, apesar de ter uma bateria. “É electrónica.” Está explicado.

Francisco Fernandes, 16 anos, já está no ensino supletivo. Estuda piano e canto, há oito anos no CRAM. “Se tudo correr bem vou ser pianista profissional. Mas ainda não consigo imaginar onde poderei estar no futuro enquanto músico”, avança o jovem que tem vindo a coleccionar prémios nas teclas. Ganhou o 1.º Prémio no 2.º Concurso de Piano de Oeiras (2020); o 2.º lugar no II Prémio Luso-Galaico Elisa de Sousa Pedroso (2020); o 3.º Prémio no Concurso de Piano de Oeiras (2019); e o 3.° Prémio no 3.º Concurso de Piano de Cascais (2018). E o CRAM? “É como uma segunda casa. Bastante diferente da escola, pois a relação aqui é de maior proximidade entre todos”, conclui.

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