Equipamento vai ser testado por investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência
O Hospital Garcia de Orta vai receber, em fase de teste, o primeiro protótipo de utilização de inteligência artificial no diagnóstico do novo coronavírus analisando “ultrassonografias ao tórax” com recurso a técnicas de computação.
A opção pelo Hospital de Almada vem na sequência do mesmo já utilizar as ultrassonografias no estudo de doentes com Covid-19 para efeitos de investigação clínica.
Este equipamento, que vai ser testado por investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), encaixa-se no projecto THOR, um dos 12 financiados pelo concurso AI 4 COVID-19, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Trata-se de um projecto que resulta da colaboração entre o instituto do Porto, o Hospital Garcia de Orta, a FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciência e a Nevarotech, e teve um financiamento de 240 mil euros e a duração de 24 a 36 meses.
“Mais tarde, o Hospital Garcia de Orta será também o local de instalação do protótipo para fases finais do projecto”, avança Filipe González, coordenador médico deste trabalho, que explica que a equipa médica “vai recrutar os doentes com Covid-19, dos quais serão colhidas, anotadas e tratadas as imagens e vídeos que servirão de substrato ao projecto de algoritmia e visão computacional”.
Segundo o INESC TEC, a utilização de ultrassonografias (exame de diagnóstico que utiliza ultrassons para avaliar as estruturas anatómicas do organismo) ao tórax é “particularmente interessante no contexto da Covid-19 já que o sistema de ultrassom é portátil e possibilita uma utilização conveniente”.
Este método, intitulado ‘Point-of-Care Ultrasound -POCUS’, permite, através da “identificação do espessamento pleural e da presença de padrões característicos das linhas verticais na periferia do pulmão”, o diagnóstico da pneumonia viral associada “à maioria dos casos graves” de infecção pela Covid-19.
Miguel Coimbra, investigador do instituto do Porto, explica que o “uso desta técnica encontra-se limitado pela complexidade operacional de um exame de ultrassom”, isto porque o correcto posicionamento da sonda e a avaliação da imagem requerem “conhecimento especializado e formação diferenciada” para serem eficazes.
“Esta questão cria assim uma oportunidade para explorar o potencial da inteligência artificial, mais concretamente na visão computacional como um potenciador para a utilização do POCUS de forma massiva”, acrescenta Miguel Coimbra, também docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Lusa