19 Abril 2024, Sexta-feira
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Comércio local vive dias maus e recolher obrigatório pode ser a pancada final

Apenas as sex shop parecem estar a resistir ao embate da pandemia

 

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No último fim-de-semana, antes do recolher obrigatório, em vários locais de pequenos negócios, desde venda de legumes e frutas, retrosaria e restauração, o sentimento geral era de angústia e de sofrimento de quem vê a vida a andar para trás e encara o futuro com profunda apreensão.

Só mesmo as sex shop parecem estar a conseguir resistir às medidas de contenção social, e o negócio mantém o ritmo dos dias melhores, mas também aqui existem medos.
No mercado da Torre da Marinha, no concelho do Seixal, António Mota, atrás da sua banca de legumes, pedia, em jeito de afirmação: “Ponham o povo a trabalhar, não o deixem a pedir”.

Conta que houve tempo em que deitava mais “produtos para o lixo do que os que vendia”. Depois, começou a cultivá-los e, “é claro, as coisas melhoraram”. Agora, safa-se pela qualidade e pela verdade, “nunca digo que um produto é meu, quando não é”. Vende brócolos, couve lombarda, grelos e outros primores hortícolas.

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António Mota, vendedor de legumes

Diz que se tem mantido à tona, embora com dias “verdadeiramente fracos”. Tem um pedido a fazer aos meios de comunicação, particularmente aos canais de televisão: “Deixem de falar tanto de tragédias e de repetir notícias de meia em meia hora”.
Muitas promessas e praticamente nada de apoios

Na A Galeria, um café-restaurante adjacente à Praça Central na Torre da Marinha, gerido por Marissa, Natália e Renália, as três jovens brasileiras mostram-se apreensivas com os tempos que vivemos. Dizem que antes das restrições devido à pandemia, “aos fins-de-semana os clientes vinham jantar e alguns até petiscar, pela tarde. Agora, têm de ficar em casa”.

Marissa, Natália e Renália de A Galeria

Lembram que tiveram de reduzir o número de clientes para que o distanciamento fosse respeitado. Além disso, continuam, “há os que estão em lay-off e os que se recolhem, por medo do vírus. Tudo isso nos atinge de sobremaneira e, quanto a apoios, nada”.
E enquanto sentem o seu negócio a perder, “os impostos, as taxas e as despesas estão na mesma”. O que mais as “revolta” é ouvir os governantes a “fazerem promessas de apoios que não cumprem”, medidas como, por exemplo, “baixar os impostos e o IVA”. Lembram, ainda, os gastos “com a segurança dos clientes, como a compra de máscaras e de gel ou a desinfeção das instalações”.

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Apesar de manterem esperança no futuro, também têm muitas dúvidas. “Isto tem de melhorar um pouco, está mau de mais”, realçam. Sugerem, ainda, que o Governo devia analisar mais profunda e pormenorizadamente a situação, porque “nem todos os comerciantes estão no mesmo barco”.

Se o Inverno for rigoroso muito pior para o negócio

No café do Vítor, assim é conhecido por todos, embora o nome do estabelecimento seja A Fonte, o patrão Vítor aponta a “redução do número de cliente como a causa da quebra acentuada das receitas” e queixa-se de que, “com o recolher obrigatório a situação piorou claramente”. Quanto a apoios, só recebeu “uma única vez 292 euros da Segurança Social, mais nada”.

Com uma esplanada e apenas duas mesas no interior, o café do Vítor luta com falta de espaço. E no Inverno, ter clientes e manter o distanciamento “vai ser complicado. As esplanadas não pagam taxa até ao fim do ano, e ainda bem, mas, se tivermos um Inverno rigoroso, as coisas pôr-se-ão ainda mais feias”, antevê.

“Na verdade, se decretarem outro confinamento, como o do princípio, acho que fecho a porta. O mais frustrante, é que não se vê solução à vista. Enquanto não aparecer uma vacina, ninguém pode fazer planos. Não vale a pena pensar em mais nada”, conclui.

Lojas de produtos para adultos ainda não sentiram quebra

Na “Koisas Dadultos”, situada no Fogueteiro, loja pertencente à maior cadeia portuguesa de artigos para adultos, a pandemia não parece ter contaminado o negócio. “O recolher obrigatório certamente que terá os seus efeitos, mas a verdade é que a loja não se pode queixar de falta de movimento. Seja da parte de manhã ou da tarde, o número de clientes é sensivelmente o mesmo”, diz Luana, que trabalha neste espaço.

Luana, empregada na Koisas Dadultos

Com a maior parte da clientela composta por homens, diz que já entram na loja, com relativa frequência, também mulheres. “As pessoas começam a sair da rotina”, comenta.
Entretanto, o proprietário deste estabelecimento, dá a saber que tanto na facturação como no número de clientes e hábitos “não se verificou qualquer mudança” com a pandemia. Pode dizer-se, acrescentou, “que não fomos afectados até ao momento”. Quanto ao dia de amanhã, “isso não sei”, comenta.

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