29 Março 2024, Sexta-feira
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Jovem do Pinhal Novo lança projecto que dá a conhecer os 230 deputados da nação

Iniciativa visa promover a literacia democrática e política e pode ser seguida nas várias redes sociais

 

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Nasceu há 23 anos em Setúbal, reside desde sempre em Pinhal Novo e lançou um arrojado projecto de responsabilidade cívica, que passa por entrevistar todos os 230 deputados à Assembleia da República. “Promover a literacia democrática e política” é o objectivo da iniciativa que Francisco Cordeiro de Araújo – a tirar o Mestrado em Direito (Internacional) na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa – colocou em prática em Setembro último.

O projecto criado pelo jovem pode ser seguido nas várias redes sociais, onde são publicados os trabalhos que prometem dar a conhecer os principais actores políticos da nação para esclarecer a sociedade portuguesa.

A actual conjuntura, quer política quer sanitária, que se atravessa motivou o passo em frente.

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“A ideia surgiu durante a pandemia. Dei por mim a pensar no perigo de não conhecermos os nossos representantes, numa altura em que as suas decisões terão ainda maior impacto nas nossas vidas. Mais de metade da população portuguesa não vota quando há eleições e há uma desconfiança permanente nos políticos, que se deve sobretudo ao desconhecimento”, começa por explicar Francisco de Araújo. “E foi por isto que surgiu ‘Os 230’, para mostrarmos quem são verdadeiramente os deputados, que percursos tiveram, o que fazem, como pensam, quais são as suas ideologias e ambições, de forma a que os portugueses possam confiar nas suas decisões agora e votar mais esclarecidos no futuro”, adianta.

Mas o sentir da importância de despertar o interesse dos cidadãos para o que se faz na política já vem de há muito. Desde Março de 2003, com a realização da “Cimeira das Lajes”, nos Açores, onde Francisco residiu dos 5 aos 9 anos – em virtude de o pai ter sido militar na Força Aérea.

“A cimeira marcou-me muito. Estive a pouco metros do então presidente dos Estados Unidos (George W. Bush) e dos primeiros-ministros de Reino Unido (Tony Blair), Espanha (José Maria Aznar) e Portugal (Durão Barroso). Na altura não percebi que estavam a decidir a invasão ao Iraque. Ficou-me sempre aquela ideia: aqui, a poucos metros da minha casa, no sítio onde os meus pais iam tomar café e onde eu fazia festas de aniversário, decidiram invadir um país”, recorda. E prossegue: “Viria a perceber que o peso de poucas pessoas, que fazem política e que são líderes de países ou governos, faz muita diferença, para o bem e para o mal.”

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Isso, explica, fez com que despertasse “o interesse para a importância de os cidadãos estarem atentos ao que se faz na política”.

“Agora, com a pandemia, senti que as pessoas começaram a ganhar cada vez mais a noção do peso que as decisões tomadas na Assembleia da República têm na vida de todos nós”, reforça.

Grupo de voluntários chega aos 20
Até ao momento, Francisco de Araújo já entrevistou “mais de 25” deputados. Fernando Negrão, Constança Urbano de Sousa, João Pinho de Almeida, Pedro Filipe Soares, Cotrim Figueiredo e Isabel Moreira foram alguns dos parlamentares já ouvidos. Os registos podem ser apreciados no YouTube e em podcast e, igualmente, acompanhados nas redes sociais.
A grande maioria “já conhece o projecto”, mas ainda há um longo caminho a percorrer. A receptividade dos deputados, para já, tem sido total. “Vou tentando agendar entrevistas semanalmente e até agora nenhum recusou”, diz o estudante de Direito Internacional, que não vê motivo algum para que alguém possa negar-se a participar. Até porque, este “é um projecto de responsabilidade cívica” e constitui “uma oportunidade” para os deputados “mostrarem quem são” e “por que razão devem estar” no hemiciclo. Além disso, trata-se de “um projecto apartidário e sem fins lucrativos”.

O guião de entrevistas que definiu apresenta “algumas questões iguais” para o grupo dos 230, mas também “muitas diferentes” para cada um. A preparação é feita com antecedência e obriga a trabalho de sapa.

“Normalmente levo meio-dia ou um dia a investigar um deputado, a tentar perceber o seu percurso, até mesmo fora da vida política. Depois tento personalizar as coisas. Mas nunca revelo as perguntas aos deputados antes de os entrevistar”, frisa.

Francisco chama a si toda a organização e execução das entrevistas. Mas tem a ajuda de um grupo de voluntários de todo o País, dos 16 aos 28 anos, para a execução de outras tarefas necessárias – “para equipas de filmagem, fotografia, design, informática e para subprojectos do exercício da democracia”, confessa.

“Depois de um tempo a estruturar a ideia, comecei a desafiar alguns jovens a juntarem-se a mim e, hoje, somos já 20 na equipa. Somos todos diferentes, com formações tão distintas como veterinária, marketing ou engenharia, entre muitas outras, mas a mesma vontade de fazer algo pelo País”, sublinha. Esta adesão, considera o fundador do projecto, “é também a prova de que os jovens querem saber de política, não são conformistas e preocupam-se com o futuro”. O recrutamento é feito nas redes sociais. “Lançámos recentemente um recrutamento e só num dia recebemos 40 candidaturas. Tenho tentado escolher pessoas que não conheço, de áreas de formação completamente diferentes”, realça.

Francisco estima demorar “mais um ano” até concluir o ciclo das entrevistas aos 230 deputados. Depois, admite, logo decidirá “para onde segue o projecto”, que pretende que “esteja sempre acessível à comunidade”. Até lá continuará a tentar “perceber o trajecto dos parlamentares, desde a sua infância, a ligação à sua terra de origem, o momento em que escolheram seguir uma determinada área de formação e quando é que nasceu a ligação à política partidária”. Isto a juntar ao percurso profissional e ao desempenho da actividade parlamentar de todos os eleitos.

Contribuir para o aumento do exercício dos direitos e dos deveres de cidadania é, de resto, um desafio aliciante para o jovem.

“Considero-me um cidadão activo e uma pessoa não conformista. Quando vejo um problema gosto de procurar soluções de forma dinâmica e irreverente, se calhar pela minha juventude. Depois também gosto de servir. Isso foi sempre algo que aprendi no Colégio Militar, onde estudei, e que os meus pais sempre me passaram: servir a comunidade, os outros e o País”, conclui.

Esgrima em pausa apesar de ter sido Campeão Nacional

O exercício da cidadania não é, porém, paixão única para Francisco de Araújo. O desporto também tem feito parte da vida do jovem, que se destacou na esgrima (espada e sabre).

Em representação da Associação de Antigos Alunos do Colégio Militar foi atleta internacional e sagrou-se Campeão Nacional no escalão de juniores.

“Agora tive de parar um pouco, por indisponibilidade de horário. Não sei se vou voltar, porque a modalidade implica uma grande disponibilidade. Quando estava a um ritmo de participar em campeonatos da Europa e do Mundo a exigência era maior”, relata.

Tentar conciliar tudo o que tem em mãos é extremamente difícil, confessa o jovem, ao aludir à disponibilidade de tempo. Mas certo é que não descura oportunidades para “abrir horizontes e buscar inspirações lá fora”.

“Fui muitas vezes ao estrangeiro, em viagens, trabalho e até competições desportivas”, lembra, a rematar.

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